A Fundação Florestal inaugurou no dia 16 de março o Jardim da 2ª Baronesa de Piracicaba, na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (FEENA), em Rio Claro. A obra de revitalização do espaço incluiu um jardim funcional para as abelhas nativas. O objetivo é a Unidade de Conservação oferecer um novo atrativo aos visitantes em geral, criadores de abelhas, alunos, pesquisadores, criadores de abelhas e produtores e curiosos sobre as abelhas e sua importância na manutenção da biodiversidade.
“A indicação do Jardim foi feita durante as visitas de nossa equipe na busca de um espaço para a implantação de um jardim funcional para as abelhas”, conta Lucila Manzatti, diretora Metropolitana e Interior da Fundação Florestal. “A partir daí, ficou decidido que a área seria revitalizada, primeiro pelo seu valor histórico e cultural, e segundo por possibilitar que a aplicação do conceito de ecologia funcional fosse conciliado com o uso do jardim”.
O então conhecido Jardim da Baronesa foi originalmente construído por Maria Joaquina de Melo e Oliveira, 2ª Baronesa de Piracicaba, em meados do século XIX. O local encontrava-se em condições precárias, escondido em meios a espécies exóticas e invasoras, sendo impossível reconhecer o seu formato original, inspirado nos Jardins de Versailles, na França, seguindo um modelo com desenhos espelhados, onde originalmente deveria conter flores de colorido e espécies diversas. A proposta atual conta com um pequeno memorial a céu aberto que apresenta a história Baronesa de Piracicaba, Maria Joachina de Mello Oliveira e sua família.
Jardim funcional
A concepção da revitalização do Jardim da Baronesa de Piracicaba foi da CISE – Consultoria Inteligente em Serviços Ecossistêmicos contou com a consultoria da Dra. Cláudia Inês da Silva, bióloga com doutorado em Ecologia e Conservação de Recursos Humanos, que atua na área de ecologia funcional, interação abelha-planta e palinoecologia.
Cláudia Inês conta que “um jardim funcional para abelhas é construído com base no conceito de ecologia funcional, onde os organismos inseridos se relacionam, constituindo e se beneficiando de uma rede de interação ecológica. Um paisagismo funcional é muito mais do que um paisagismo estético onde a beleza e a harmonização são os focos centrais. Em um jardim funcional, são escolhidas espécies de plantas de acordo com sua importância para atrair e manter a diversidade de visitantes florais que podem ser seus polinizadores”.
A agrônoma prossegue dizendo que “as abelhas são dependentes das plantas para coletar seus alimentos, como o pólen, néctar e óleos florais, que são utilizados para alimentar tantos as abelhas adultas, como também as suas crias. Além das abelhas, os jardins funcionais atraem mariposas, borboletas, besouros, moscas, morcegos e até roedores e lagartos que, ao se alimentarem do néctar das flores, promovem a sua polinização, garantindo assim a formação de frutos e sementes e, consequentemente, de novas plantas no local”.
Cláudia Inês finaliza dizendo que “esses insetos polinizam mais de 78% das plantas cultivadas que a espécie humana utilizada na sua alimentação e também é responsável pela polinização de mais de 80% de plantas nativas do bioma cerrado, vegetação predominante na região. Conhecer as abelhas e preservá-las, assim como outros polinizadores, é garantir qualidade de vida para todos os animais, incluindo os humanos”.
No dia da inauguração Claudia Inês da Silva lançou o livro “Plantas e pólen em áreas urbanas: uso no paisagismo amigável aos polinizadores”, organizado juntamente com Astrid de Matos Peixoto Kleinert.
A revitalização do Jardim da Baronesa de Piracicaba teve patrocínio da Bayer e contou com o apoio da CISE-Consultoria Inteligente em Serviços Ecossistêmicos, UNESP, FEENA, Fundação Florestal, Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura Municipal de Rio Claro, Plante Fácil, Marcilio de Aveiro, Marco Rosa, e outros colaboradores.
A partir de agora, o Jardim da Baronesa, além de ter resgatado aspectos históricos e culturais de grande importância para a própria FEENA, para a cidade de Rio Claro e região, também proporcionará reflexões sobre a biodiversidade, através da observação do movimento das abelhas que nele foram instaladas ou as que passarão a visitá-lo. Será utilizado como um espaço de educação ambiental sob a coordenação do professor Osmar Malaspina, da UNESP, de Rodrigo Campanha, gestor da FEENA, com colaboração e apoio da CISE.