A Fundação Florestal promoveu, na quarta-feira (22/1), uma expedição à Área de Proteção Ambiental Barreiro Rico da qual participaram diversos especialistas e pesquisadores em primatologia. Entre eles, dois dos maiores do mundo, o primatólogo Russell A. Mittermeier, diretor de Conservação da Global Wildlife Conservation, e a antropóloga Karen Strier, presidente da Sociedade Internacional de Primatologia. Também integraram a comitiva representantes da Operação Primatas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O objetivo da expedição foi reencontrar as cinco espécies de primatas presentes na APA Ribeiro Rico, especialmente o muriqui-do-sul, e propor ações para a proteção da Unidade de Conservação. A região possui uma das mais ricas faunas de primatas do estado de São Paulo e já registrou a ocorrência das espécies: muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), bugio-ruivo (Alouatta guariba), macaco-prego (Sapajus), sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) e sauá ou guigó (Callicebus nigrifrons). A maioria dessas espécies é ameaçada de extinção devido a desmatamento, incêndios e caça predatória.
Durante a visita, o grupo conseguiu avistar muriqui-do-sul, sagui-da-serra-escuro, macaco prego e o bugio-ruivo, espécies que não eram avistadas há algum tempo na região. Depois da expedição, foi realizado um debate sobre a necessidade de conhecer melhor a Estação Ecológica Barreiro Rico, que fica dentro da APA Barreiro Rico, localizar e quantificar os primatas que lá vivem; como assegurar, em médio prazo, a proteção do habitat dos primatas; como fazer a conectividade das florestas da região, para que corredores de florestas garantam a sobrevivência dos primatas; e, sobretudo, como envolver a comunidade, prefeituras e proprietários rurais para melhorar a proteção desses animais.
Russell A. Mittermeier classificou o encontro como momento histórico. “Vai mudar completamente o futuro da conservação de primatas no estado de São Paulo, principalmente para o muriqui-do-sul, mas também para as outras 11 espécies de primatas que vivem aqui, inclusive vários ameaçados de extinção e, em especial, o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), endêmico no estado de São Paulo”.
As palavras de Mittermeier foram endossadas por Karen Strier. “Reunir esses especialistas vai contribuir para demonstrar a importância do Barreiro Rico para a conservação da biodiversidade com foco no muriqui-do-sul e os demais primatas”, reforçou.
Pela sua importância na preservação da fauna, flora e rios da região, a Fundação Florestal tornou as unidades de Barreiro Rico um polo da Operação Corta-Fogo, de acordo com Rodrigo Levkovicz, diretor executivo da instituição. A prevenção de incêndio, inclusive com a contratação de maquinário para a construção de aceiros – faixas ao longo das cercas onde a vegetação foi completamente eliminada da superfície do solo – é um dos focos de ação. A finalidade é prevenir a passagem do fogo para a área de vegetação, evitando-se assim queimadas ou incêndios nas estradas. Também está na pauta a instalação de hospedagens para pesquisadores na Estação Ecológica.
Sobre Barreiro Rico
A APA Barreiro Rico, localizada no município de Anhembi, foi criada em 2006 e possui 292 hectares. Tem como principal finalidade a proteção de valiosos remanescentes de floresta estacional semidecidual e enclaves de cerrado, que abrigam espécies emblemáticas da flora – peroba-rosa, pau-marfim, jatobá, copaíba, guarita, – e da mastofauna – onça-parda, irara, veado, lobo-guará, centenas de espécies de aves, – além dos primatas.
Encontra-se circundada por amplos remanescentes florestais, configurados em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e áreas de Reservas Legais inseridas em propriedades privadas. Na última década a região sofreu com inúmeros incêndios florestais, ocasionando perdas significativas de biodiversidade.
Município: Anhembi
Estrada Municipal AHB-171 – Bairro Barreiro Rico