A captura e soltura de animais da fauna silvestre são, a um só tempo, motivo de alegria e preocupação. Alegria pela possibilidade de recolocar um animal como o exemplar macho, jovem (um ano) de onça parda (Puma Concolor), na natureza. O animal foi solto no Parque Estadual da Cantareira. De outra parte, a recorrência de capturas desses animais nas imediações dos centros urbanos demonstra que há algum desequilíbrio nas relações entre o urbanismo desenfreado que invade as áreas naturais. Isso coloca esses animais em risco de vida. Esse pode se dizer é o sentimento de todos envolvidos com a soltura de “Rincão”, conforme batismo de um dos bombeiros envolvidos na captura, numa alusão ao bairro da Zona Norte da Capital, onde o animal foi encontrado.
Em pouco menos que dois meses este foi o segundo caso de um animal da espécie capturado nas imediações de zonas urbanas e recolocado em boas condições na área do Parque Estadual da Cantareira.
O animal foi encontrado dentro de uma residência no dia 13 de outubro. Oito dias depois de cuidados, exames clínicos e laboratoriais no Zoológico de Guarulhos, o animal foi solto, mais uma vez sem estardalhaço e preocupação em transformar a soltura em espetáculo de mídia, como forma de evitar o estresse pelo qual o animal passou na captura, com sedação e aprisionamento para tratamento.
A soltura ocorreu em zona do parque bem protegida e preservada, nos fundos da represa do Cabuçu, considerada pelos técnicos uma “zona primitiva” que oferece um contínuo significativo de mata que segue pelas serras de Piracaia e Itaberaba. Os médicos veterinários do Zôo de Guarulhos disseram que o animal estava em boas condições físicas, apresentando, inclusive características de predação normais.
A Polícia Militar Ambiental foi responsável pelo transporte do felino em todos os momentos, desde a captura e seu encaminhamento até o Zôo, até o deslocamento para o PE Cantareira. Já no interior do Parque (na área do Núcleo Cabuçu), o animal foi transferido de barco até o ponto escolhido para a soltura.
A operação contou com a presença de funcionários da Fundação Florestal/PE Cantareira, do Zôo de Guarulhos, Polícia Militar Ambiental, Guarda Civil Ambiental de Guarulhos, uma pesquisadora do Instituto Florestal e pesquisadores em mastofauna. Na Zoologia, a mastozoologia é o ramo que estuda os mamíferos.
Por: Paulo Antunes e Elisângela Moino
Fotografia: Fundação Florestal