A edição de dezembro de 2019 da prestigiada revista de ornitologia americana The Wilson Journal of Ornithology, traz o resultado de um estudo sobre as aves do Núcleo Curucutu do Parque Estadual Serra do Mar. O trabalho, desenvolvido pelo ornitólogo Fabio Schunck e sua equipe, reuniu dados históricos de 118 anos e informações obtidas durante 16 anos contínuos de campo, revelando a existência de 422 espécies de aves nessa região de Mata Atlântica quase intocada localizada entre o sul do município de São Paulo e Itanhaém.

Fabio Schunck aponta que esta alta diversidade de espécies é explicada pela diversidade de habitats existentes, incluindo campos naturais, a escala altitudinal de 800 metros em relação ao nível do mar e a integridade dos ambientes naturais existentes, protegidos pelo Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM, a maior unidade de conservação da Mata Atlântica.

Entre todas as aves mencionadas pelo estudo, 382 foram registradas no Núcleo Curucutu, que protege 124 espécies endêmicas da Mata Atlântica; 38 migratórias e 24 ameaçadas de extinção, sendo atualmente o núcleo do PESM com a maior riqueza de aves já registrada, entre os dez núcleos existentes.

O estudo coloca a região do Curucutu como uma das mais ricas em aves da Mata Atlântica, mas, também, revela a extinção regional de uma espécie da família dos tucanos, o araçari-de-bico-branco (Pteroglossus aracari), registrado uma única vez em 1900 e a ocorrência do papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), espécie ameaçada de extinção, fora dos limites PESM, deixando-a ainda mais vulnerável.

Outro ponto destacado pelos autores, é que se trata de uma região extremamente rica em espécies de aves mesmo estando ao lado da maior área urbana da América do Sul, com muitas ameaças e problemas ambientais, o que mostra a importância em proteger as últimas áreas naturais remanescentes na Região Metropolitana de São Paulo, na forma de unidades de conservação.

Este estudo de longo prazo continua em andamento, e conta com o apoio da Fundação Florestal e da gestão do Núcleo Curucutu do PESM.

Para conferir o texto original publicado pela The Wilson Journal of Ornithology, clique aqui.

Foto da capa: Sabiá una (Turdus flavipes) Foto: Fabio Schunck

Anilhamento. Foto: Rafael Indicatti

Saíra-militar (Tangara cyanocephala) Foto: Fabio Schunck

Sobe o Núcleo Curucutu

O Núcleo Curucutu criado em 1977, juntamente com o Parque Estadual Serra do Mar, abrange os municípios de São Paulo, Itanhaém, Mongaguá e Juquitiba, e tem origem na Fazenda Curucutu, produtora de carvão, adquirida pelo Estado em 1958 e transformada em Reserva Florestal.

Desde aquela época seu objetivo já era a preservação das nascentes e mananciais da região metropolitana de São Paulo por meio dos rios Capivari, Monos e Embu Guaçu, que alimentam o reservatório Guarapiranga e o Sistema Mambu/Rio Branco, em Itanhaém. Abriga ecossistemas do bioma Mata Atlântica, em destaque para os campos nebulares.

Essa região é protegida ainda pela APA Capivari-Monos e pela Lei de Proteção aos Mananciais. Suas águas contribuem para o abastecimento de mais de 5 milhões de pessoas. A origem do nome ‘curucutu’ está associado à grande diversidade de corujas na região. São mais de 11 espécies registradas de corujas, símbolo do Núcleo, até 2014.

Serviço

Município: São Paulo
Estrada da Bela Vista, 7090 – Bairro Embura do Alto
Fone: (13) 3422-5657
E-mail: pesm.curucutu@fflorestal.sp.gov.br
Agendamento prévio: Sim
Horário: de segunda a sexta, das 8h às 17h
Ingresso: Gratuito

 

Núcleo Curucutu do PESM Foto: Fabio Schunck

Foto da capa tirada do Drone do Núcleo Curucutu por Alexandre Pereira Correa