Remoção de famílias, construção de moradias e ações ambientais contam com investimento de R$ 850 milhões.
“É um sonho do ambientalismo brasileiro”, disse o secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, ao plantar a muda de cedro-rosa na Cota 400, em Cubatão. O plantio de cerca de 50 mudas de espécies nativas, entre elas aroeira-mansa, jatobá, pitanga e manacá-da-serra, realizado hoje, 09.03, marcou o início da recuperação ambiental da Serra do Mar. “A demolição e o plantio são o auge do projeto. É onde queremos chegar”, afirmou o coordenador do programa de recuperação da Serra do Mar, Coronel Eliseu Eclair.
Algumas mudas serão plantadas sobre os pisos das antigas residências, já que estas estruturas colaboram na contenção do solo, de modo a evitar deslizamentos, até que as novas árvores criem raízes firmes. “Daqui cinco a dez anos essa área será totalmente recuperada. A natureza se regenera. Nós só vamos ajudar”, disse Graziano. Para Lafaiete Alarcon da Silva, gestor do núcleo Itutinga-Pilões do Parque Estadual da Serra do Mar, as ações de recuperação são fundamentais. “Trata-se de um bem ameaçado, um dos únicos fragmentos de Mata Atlântica, além de frágil”, afirmou.
O primeiro passo na recuperação ambiental da Serra do Mar se deu em março de 2007 com o congelamento da área ocupada, evitando a construção de novas moradias. A Polícia Militar sobrevoou a área periodicamente e intensificou a fiscalização. Ao mesmo tempo, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano – CDHU providenciou a transferência das famílias para conjuntos habitacionais nas cidades de Peruíbe, Itanhaém, Praia Grande, além de unidades na Capital e na Região Metropolitana de São Paulo. O passo seguinte é a demolição das casas e o reflorestamento. Até 2012, o governo do Estado vai investir R$ 850 milhões nessas ações.
“O programa de recuperação da Serra do Mar une preservação ambiental com qualidade de vida. No prazo de três a cinco anos esse trabalho será visível”, enfatizou Graziano. Para o Coronel Eclair, o programa é irrestrito. “O investimento social faz parte do projeto, mas ele é ambiental e a concretização é o plantio. Mas você se engaja de coração, é algo que se torna um objetivo pessoal”, confessou.
No total, cerca de 5.350 famílias, dos bairros Cota 400, 200, Água Fria, Pilões, Sítio Queiroz e Pinhal do Miranda, serão retiradas do Parque Estadual da Serra do Mar e serão transferidas para áreas urbanizadas. Além disso, 2.410 famílias terão o direito de ficar em suas residências. Para isso, o Governo do Estado vai investir na urbanização das áreas irregulares, promovendo infra-estrutura, como fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, construção de escolas, postos de saúde e áreas de lazer.
O secretário Xico Graziano enalteceu o trabalho dos técnicos do Instituto Florestal e da Fundação Florestal, além do jornalismo investigativo exercido por Randau Marques, na época em que as indústrias de Cubatão provocaram grandes impactos na vegetação.
O Parque
O Parque Estadual da Serra do Mar constitui a maior unidade de conservação em área de Mata Atlântica, bioma cujo domínio se estende de Santa Catarina ao Espírito Santo. Sua preservação é considerada uma das grandes prioridades para a conservação da biodiversidade em todo o continente americano.
Apesar de reduzida, com pouco mais de 8% da área original, a Mata Atlântica exerce influência direta na vida de mais de 80 % da população brasileira que vive em seu domínio. Seus remanescentes regulam o fluxo dos mananciais, asseguram a fertilidade do solo, controlam o clima, protegem as encostas das serras, além de ajudar na preservação do patrimônio histórico e cultural.