O objetivo do seminário foi apresentar aos gestores das Unidades de Conservação (UCs) do Estado de São Paulo boas práticas e alternativas na concessão de serviços ligados ao turismo em áreas especialmente protegidas, principalmente nos Parques. São trilhas, esportes de aventura (como rafting e mergulho), restaurantes e lanchonetes, centros de visitação e vários serviços que podem ser explorados comercialmente pela iniciativa privada, principalmente pelas existentes nas cidades abrangidas pelas UCs. A utilização de mão-de-obra local é uma das bases para a geração de emprego e incremento econômico nas comunidades vizinhas às áreas protegidas.
Segundo o Secretário-adjunto de Meio Ambiente do Estado, Pedro Ubiratan Escorel de Azevedo, que compareceu à abertura do evento, “o caminho foi pavimentado pela Fundação Florestal com suas obras de infraestrutura nas Unidades de Conservação. Agora temos o que oferecer e vamos preparar as regras para essa nova etapa”. A FF, por meio de sua gerência de Ecoturismo e Visitação Pública, já criou inclusive um projeto – o Trilhas de São Paulo (www.trilhasdesaopaulo.sp.gov.br) – em que os visitantes podem escolher trilhas com estrutura e apoio de qualidade para a realização de passeios seguros e que incluam também o recebimento de informações sobre meio ambiente.
Em sua palestra o co-diretor do Departamento de Recursos Naturais e Turismo da Universidade Estadual do Colorado (EUA), Jim Barborak, destacou a importância da gestão compartilhada das UCs e seus serviços pelos órgãos de governo, ONGs, comunidades tradicionais, tribos indígenas e a iniciativa privada. “É uma tendência mundial. Existem diversas maneiras desse trabalho ser desenvolvido, bastando uma boa avaliação de qual é a melhor forma que se encaixa à realidade de cada unidade”, salientou. A contratação e recrutamento de gente capacitada e especializada é uma prioridade para o sucesso dessas iniciativas.
A professora assistente do Departamento de Meio Ambiente e Sociedade da Universidade do Estado de Utah (EUA), Miriam Wyman, que falou sobre a cobrança de taxas na concessão dos serviços, apresentou diferentes práticas na aplicação desses recursos em UCs da África do Sul, Belize, Equador, Colômbia, Nova Zelândia e em diversos outros países. “O importante é identificar a capacidade do envolvimento das comunidades e também levar em conta os impactos culturais que podem ocorrer”, afirmou.
A professora-adjunta do curso de Turismo da UFRJ, Camila Rodrigues, aproveitou para lembrar que a vocação das UCs é a proteção ambiental e não a geração de lucro. “Tudo deve ser feito com muito critério e cuidado, mas a regulamentação da prestação de serviços em Unidades de Conservação é fundamental. Se nós não nos anteciparmos ao turismo de massa, seremos atropelados pelo turismo de massa”, disse o coordenador-geral de Visitação e Negócios do ICMBio, Julio Gonchorosky durante sua exposição.