A 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que ocorre entre 18 de setembro e 19 de outubro de 2025, contou com uma participação especial que une natureza, ciência e saberes tradicionais. A Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Fruta do Lobo, localizada em Bananal (SP), foi selecionada para integrar a programação oficial do evento com a Oficina “Arquitetos e Engenheiros face aos Desafios Climáticos”, iniciativa que propõe um diálogo entre especialistas do Brasil e da França sobre soluções arquitetônicas e territoriais adaptadas às mudanças climáticas.

A proposta é coordenada pela arquiteta Cristina Garcez, proprietária da RPPN Fruta do Lobo – área reconhecida pela Resolução SEMIL nº 03, de 3 de janeiro de 2025, que protege 30 hectares de Mata Atlântica. O projeto foi concebido dentro de uma perspectiva interdisciplinar e colaborativa, unindo arquitetura, urbanismo, paisagismo, geografia, biologia, etnografia e engenharia ambiental.

 

Duas fases de imersão entre ciência e saber ancestral

A Oficina está sendo realizada em duas etapas complementares:
A primeira aconteceu
nos dias 7, 8 e 9 de outubro de 2025, durante a Bienal, reunindo 12 especialistas interdisciplinares franceses e brasileiros. O grupo iniciou os primeiros delineamentos que irão definir a metodologia, as diretrizes e o conteúdo do workshop prático, previsto para a segunda fase, em fevereiro de 2026, na própria RPPN Fruta do Lobo, em Bananal.

Nesta segunda fase, estudantes e jovens profissionais de ambos os países participarão de atividades de campo e desenvolvimento de protótipos sustentáveis, com foco na concepção bioclimática, uso de materiais naturais e locais, energias limpas, reaproveitamento de água, restauração da biodiversidade e valorização dos saberes tradicionais de comunidades afrodescendentes e indígenas.

Turismo ecológico e inovação social

O workshop na RPPN resultará em propostas arquitetônicas voltadas ao turismo ecológico, prevendo a criação de estruturas de acolhimento para pesquisadores, estudantes e observadores da biodiversidade, além de espaços dedicados a debates, conferências e trocas ambientais.

A iniciativa pretende consolidar um modelo interdisciplinar replicável para projetos futuros e será integrada ao Plano de Manejo da RPPN Fruta do Lobo.

Preservação, inovação e cooperação internacional

Durante os três dias de Bienal, debates abertos ao público, ocorreram entre 17h e 18h, com participação de especialistas convidados e representantes de instituições parceiras.
A
Fundação Florestal do Estado de São Paulo apoiou a participação da RPPN Fruta do Lobo no evento e reforçou a importância das parcerias entre o poder público e a sociedade civil na preservação da Mata Atlântica.

Nosso objetivo é unir o conhecimento técnico e científico à sabedoria ancestral, para pensar juntos novas formas de construir e habitar em um mundo mais quente”, destaca Cristina Garcez.