A Fundação Florestal, responsável pela gestão dessa Unidade de Conservação, faz uso de tecnologia de ponta e conta com a participação da comunidade local para monitorar e mitigar os impactos da erosão costeira.

Desde 2020, a equipe da RDS Barra do Una utiliza drones para a captura de imagens aéreas detalhadas da área afetada. As imagens coletadas fornecem dados fundamentais para compreender o processo de erosão que auxiliam no planejamento de ações efetivas.

A erosão costeira é um fenômeno natural que ocorre nas áreas costeiro-marinhas e também ocorre no litoral sul do estado de São Paulo. O avanço do mar provoca a perda de áreas de praia, impacta a vegetação de restinga e ameaça casas e edificações próximas. Este fenômeno, potencializado pelas mudanças climáticas, com a elevação do nível do mar e o aumento da frequência e intensidade de eventos de tempestades, concorrem para amplificar a erosão das praias e a vulnerabilidade costeira, afetando diretamente a biodiversidade e as comunidades locais. Na RDS Barra do Una, a Fundação Florestal está implementando ações para monitorar e mitigar os efeitos da erosão, utilizando tecnologia e a colaboração de pesquisadores e da comunidade.

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Barra do Una tem 49 famílias – aproximadamente 150 moradores – e na área mais crítica em relação ao processo erosivo há quatro famílias. Caso ocorra a necessidade diante de um cenário mais extremo e inesperado e que venha a causar prejuízo às moradias, existe a possibilidade de realocação dessas famílias para áreas seguras dentro da própria unidade. Essa pauta será discutida no âmbito do Conselho Deliberativo da Unidade de Conservação.

A participação dos moradores tradicionais tem sido fundamental para o acompanhamento do processo erosivo. Eles apoiam no monitoramento visual da situação e compartilham com a gestão informações sobre alterações observadas, especialmente durante ressacas fortes. Esse canal de comunicação permite uma resposta rápida às mudanças nas condições do local. Além disso, o Mapa de Risco à Erosão Costeira da RDS Barra do Una foi atualizado pelo Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) em novembro de 2022 para refletir dados atualizados dos indicadores de erosão. O monitoramento considera o processo sedimentar, a dinâmica estuarina da área e os prováveis efeitos da erosão. Com base nessa análise, foi recomendada a recuperação e proteção das dunas frontais como uma medida para a mitigação.

Após um período de ressacas, em 2023, a gestão solicitou uma nova avaliação do IPA. Foram, então, discutidas alternativas como a transposição de areia acumulada na Avenida Beira Mar para reforçar a vegetação de restinga. Além disso, a equipe da unidade participou de uma capacitação realizada com as equipes das Defesas Civis de municípios da Baixada Santista sobre a Plataforma Saric, que oferece previsões meteorológicas e de eventos extremos, complementando o monitoramento local.

O monitoramento contínuo tem permitido avaliar os cenários diante das ações executadas até o momento onde foi possível observar sinais de regeneração da vegetação e depósitos de sedimentos, que auxiliam na formação de dunas.

A gestão também solicitou apoio municipal para reforçar o cordão arenoso da Avenida Beira Mar, preparando-se para as ressacas de inverno. Algumas iniciativas também foram desenvolvidas junto à comunidade como o fechamento dos acessos à praia nesse trecho, reforçando o cordão arenoso com material vegetal que encosta nas praias, possibilitando a recondução da vegetação por meio da sua regeneração natural e a consequente proteção da área costeira

Novas estratégias, como o uso de “bags de areia” para a contenção dos trechos mais afetados serão discutidos tecnicamente e, também, junto ao Conselho Deliberativo da RDS Barra do Una, assim como a realocação de moradores tradicionais, se necessário, para garantir a eficácia e a sustentabilidade das ações.

É importante destacar que a área afetada pela erosão costeira abriga várias moradias (incluindo as quatro pertencentes a moradores tradicionais da região mencionadas acima. As demais residências são ocupadas por veranistas e estão, atualmente, sob ação civil pública de reintegração de posse à Fazenda do Estado. Essas áreas estão sendo integradas ao planejamento de recuperação ambiental da gestão, como parte de um esforço contínuo para restaurar e proteger o ambiente.

 

No sentido horário: As imagens mostram a migração da foz do rio Una para o norte, além da diminuição da vegetação de restinga. Nas imagens inferiores: à esquerda, a Avenida Beira Mar. À direita: Reunião do Conselho da RDS Barra do Una, composto por moradores e representantes da sociedade civil. O conselho gestor é um fórum importante para discutir o tema. Os moradores mais antigos compartilham suas observações históricas sobre o curso do rio Una, enquanto a gestão apresenta dados de monitoramento e medidas em andamento. Essa estreita colaboração ajuda a formular propostas e soluções. Imagem da capa: Vista geral da Praia da Barra do Una.

A Fundação Florestal mantém continuamente ações que visam a proteção e recuperação da RDS Barra do Una, trabalhando em conjunto com a comunidade, utilizando a tecnologia disponível e contando com o apoio de especialistas para enfrentar os desafios da erosão costeira.