A Fundação Florestal, por meio do Programa RPPN Paulistas, realizou a entrega do Título de Reconhecimento da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Mata Virgem (reconhecida pela resolução SIMA 97, de 25.10.2022), no último dia 30 de novembro, no auditório do Centro da  Cultura Japonesa, durante a realização do XI SAPIS – Seminário Brasileiro sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social & VI ELAPIS – Encontro Latino Americano sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social, na Universidade de São Paulo.

RPPN Mata Virgem

Situada n município de São Paulo, a RPPN Mata Virgem, de propriedade de Leila Ramos Matajs, Maria Teresa Ramos Matajs e Magda Ramos Matajs, tem o importante papel de contribuir para a proteção de remanescentes da vegetação nativa da Mata Atlântica na região sul da metrópole.

Com uma área de 1,48 hectares, possui grande importância por resguardar um pequeno, porém valioso fragmento da Floresta Ombrófila Densa, reduzida pelo processo de ocupação urbana e rural ocorrida ao longo do tempo, na maior metrópole do Hemisfério Sul.

A vegetação presente na reserva favorece o fluxo da fauna em uma área submetida a forte pressão proveniente da especulação para o parcelamento do solo, sobretudo nos bairros periféricos, onde é frequente a invasão de áreas e vendas de lotes clandestinos. Entre as inúmeras espécies vegetais predomina a palmeira-juçara (Euterpe edulis), que juntamente com outras espécies como o pau-brasil (Paubrasilia echinata) e o samambaiaçu (Dicksonia sellowiana) estão ameaçados de extinção. A nova unidade possui densa vegetação arbustiva, composta por samambaias arborescentes e palmeiras. Epífitas e trepadeiras, bem como briófitas e fungos são abundantes, gerando grande variedade de cogumelos importantes para o equilíbrio ecológico e principalmente para a produção de água.

Esse reduto é habitat de significativa fauna que nele encontra abrigo, como o tatu-bola (Dasypodidae sp.), sagui-do-tufo-preto (Callithrix penicillata), picapau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens), jacuguaçu (Penelope obscura), Ttcanoçu (Ramphastos toco, entre muitos outros. 

A área da RPPN está inserida na área de proteção aos mananciais. Os cursos d’água que percorrem a RPPN pertencem à sub-bacia da represa Guarapiranga, integrante da Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Alto Tietê (UGRHI – 6). Entre os objetivos propostos pelos proprietários estão a preservação da biodiversidade de fauna e flora e as nascentes existente no local e articular a RPPN como caminho para impedir ações de desmatamento e destruição da mata nativa, deixando um legado natural para as presentes e futuras gerações.

Uma história de amor à natureza

Em 2004, as proprietárias fundaram no interior do imóvel, em adjacente à área da RPPN, o Instituto Pedro Matajs, onde foram desenvolvidos inúmeros trabalhos de Educação Ambiental com escolas locais, além de receber grupos de pessoas de terceira idade e universidades. O instituto promoveu também cursos de capacitação direcionados a pessoas da comunidade e agricultores locais, sobre o cultivo de vegetais e legumes (olericultura), com técnicas sustentáveis. Paralelamente, o IPM desenvolveu o projeto intitulado “Flores de Mel” que buscou desenvolver conhecimentos sobre a produção de plantas ornamentais junto a pequenos agricultores da APA Capivari-Monos, situada nas proximidades da reserva, com vistas ao desenvolvimento de projetos de paisagismo ecológico.

Um diagnóstico efetuado com os resultados alcançados identificou 120 espécies ornamentais para produção. Destas, 59 são nativas (algumas identificadas no interior da RPPN, onde serão preservadas) e foi produzido um documento técnico publicado na Revista Brasileira de Agroecologia, intitulado “Potencial das espécies nativas na produção de plantas ornamentais e paisagismo ecológico”.

Através dessas ações e estudos, vários trabalhos de interação socioambiental já estão ocorrendo na área, revelando o engajamento das proprietárias com as questões de preservação e sustentabilidade dos recursos naturais. A propriedade se dedicava ao turismo receptivo até 2017, quando foram desenvolvidos projetos de cunho ambiental e cultural, relacionados aos colonos alemães que ocuparam originalmente a área. As responsáveis pela RPPN Mata Virgem e coordenadores do Instituto Pedro Matajs planejam retomar a realização de atividades de educação ambiental e desejam ampliar esse trabalho de conscientização garantindo a proteção desta área, por meio de parcerias com instituições públicas e privadas.