Risco de contaminação em humanos é raro, mas prevenção é importante

O Governo de São Paulo atua na prevenção e monitoramento da gripe aviária (H5N1), mesmo sem registro de casos confirmados no Estado. Com a declaração de emergência sanitária em todo o país, equipes técnicas das secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e Agricultura e Abastecimento (SAA) trabalham em conjunto para supervisionar os municípios, principalmente as regiões onde as aves migratórias costumam pousar para se alimentar ou reproduzir. O objetivo é evitar que a H5N1 chegue aos aviários do Brasil, principal exportador de carne de frango do mundo.

“A principal forma de disseminação da doença são as aves silvestres. No entanto, nos sítios, não encontramos apenas esse tipo de ave. Também existem as comunicantes, como o urubu e o gavião, que, ao entrarem em contato com elas, podem espalhar a enfermidade para o interior do país. Por essa razão, é crucial que seja realizado o monitoramento dessas áreas”, comenta Paulo Blandino, médico-veterinário e gerente do PESA (Programa Estadual de Sanidade Avícola), coordenado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

As medidas de prevenção são importantes não apenas para evitar a disseminação da doença, mas para preservar a fauna local e a população dos riscos de sua contaminação. Além disso, a possível evolução da gripe aviária, causada pelo subtipo H5N1 da Influenza A, poderia prejudicar o comércio de frangos e ovos. Isso porque, essa é uma doença viral altamente contagiosa entre as aves, e uma vez detectada em um único animal, todos precisam ser sacrificados. Como consequência, teríamos a  elevação do preço, decorrente da substituição dessas proteínas por alternativas mais baratas, ocasionando um desequilíbrio na oferta desses produtos.

Embora seja incomum em seres humanos, e não haja registro de casos confirmados no país, pode ser disseminada por meio do contato direto (manuseio) ou indireto (convivência no mesmo ambiente) com animais infectados. É crucial ressaltar que a enfermidade não é transmitida pelo consumo da carne ou ovos. No entanto, foram ampliadas as medidas de biossegurança em aviários para prevenir a propagação do vírus.

Alguns cuidados também podem ser adotados para prevenir o contágio, como lavar as mãos regularmente com água e sabão, especialmente após o contato com aves ou superfícies potencialmente contaminadas, além de evitar o contato direto com animais doentes ou mortos, cujos sintomas incluem espirros, tosse, lacrimejamento, inchaço da cara e crista, corrimento nasal e diarreia.

“No caso das aves, é comum vermos relatos de pessoas que tentam prestar socorro quando encontram um animal caído ou ferido. No entanto, essa atitude pode colocar em risco a saúde das pessoas e de outros bichos. A orientação é buscar profissionais especializados ou, estando em parques, recomenda-se procurar os funcionários, caso vejam uma ave com sintoma incomum”, explica Rodrigo Levkovicz, diretor executivo da Fundação Florestal (órgão vinculado à Semil), ao ressaltar alguns cuidados que os visitantes devem ter em uma Unidade de Conservação.

Vacina

Butantan iniciou o processo de desenvolvimento de uma possível vacina contra a gripe aviária em humanos. No momento, os testes estão sendo realizados com cepas vacinais cedidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e o primeiro lote piloto já está pronto para testes pré-clínicos. O objetivo do Instituto é preparar o país para o enfrentamento de potenciais pandemias, a partir do aprendizado acumulado com o desenvolvimento e disponibilização de vacinas para Covid-19 nos últimos anos.