- Ao todo, foram 700 quilos de sementes da palmeira-juçara dispersados pela Unidade com o uso de drone
A Fundação Florestal lançou, em março, 700 quilos de sementes de palmeira-juçara sem polpa ao longo de 14 hectares do Núcleo Cunha, no Parque Estadual Serra do Mar. O lançamento aéreo foi realizado com o uso de um novo modelo de drone, que possui uma tecnologia pioneira, desenvolvida especialmente para o Programa Juçara, que tem como metodologia de repovoamento o lanço aéreo, imitando a chuva de sementes. Este é o 21º lanço realizado pela Instituição em uma Unidade de Conservação do Estado desde que o Programa Juçara começou. As sementes foram adquiridas de agricultores do entorno da Unidade.
Para esta ação, os 14 hectares foram divididos em parcelas menores, de um hectare, que foram homogeneamente repovoadas com 50 kg de sementes, cada uma. Tal quantidade de sementes foi calculada levando em consideração que algumas delas ficam retidas nas copas das árvores e outras sofrem predação de animais. Associado ao trabalho do drone, nas parcelas onde ocorreu os lançamentos, a equipe de campo do Núcleo Cunha instalou lonas para acompanhar como foi a queda das sementes, além de sete câmeras trap, de monitoramento da fauna, para entender quais animais consumiriam parte das sementes. Tais dados vão agregar informações no monitoramento do crescimento das sementes lançadas, que será feito no local, após oito meses deste repovoamento.
O Pograma Juçara é uma iniciativa pioneira da Fundação Florestal em parceria com a Secretaria de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística, Secretaria de Desenvolvimento Econômico (por meio do Programa Vale do Futuro) Itesp, universidades, prefeituras e sociedade civil. O programa oferece alternativa de renda e trabalho a pequenos agricultores e comunidades tradicionais nas regiões que se insere.
Em 2021, foram repovoados 360 hectares em Unidades de Conservação, sendo cinco no Vale do Ribeira e outras cinco em núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar. Já até dezembro de 2022, foram repovoados 236 hectares, sendo quatro no Vale do Ribeira e três em núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar.
Além da questão ambiental, o programa procura modificar a cultura extrativista da palmeira-juçara ao desestimular o corte da árvore para a extração do palmito, oferecendo a opção de obter seu sustento por meio do cultivo e da venda da polpa de semente para o reflorestamento. A preservação da palmeira está diretamente ligada à manutenção da biodiversidade local. Sua semente e seu fruto servem de alimento para mais de 68 espécies, entre aves e mamíferos. Tucanos, jacutingas, jacus, sabiás e arapongas são os principais responsáveis pela dispersão das sementes, enquanto cotias, antas, catetos e esquilos, dentre outros, se beneficiam das sementes e frutos.
O Núcleo Cunha, PESM
Localizado no extremo norte do Parque Estadual, o Núcleo Cunha protege importante remanescente de matas nebulares, a mais de mil metros de altitude, com árvores de grande porte como cedro, peroba, maçaranduba, araucária, canela, ipê, que abrigam bromélias, orquídeas, samambaias, liquens e lianas. Suas florestas preservam importantes mananciais para o abastecimento de água das cidades do Vale do Paraíba e até mesmo do Rio de Janeiro. Em seu território encontram-se as áreas de maior biodiversidade do Parque.
As florestas de altitude abrigam muitas espécies exclusivas em risco de extinção, como o sagui-da-serra-escuro, o mono-carvoeiro e o sauá, e aves como o macuco, jacutinga, saudade, cuiú-cuiú, negrinho-do-mato, pavó, gavião-de-penacho e pomba pararu.
O relevo acidentado favorece a formação de cachoeiras, especialmente nos rios Bonito, Ipiranga e Paraibuna, tornando este núcleo de especial interesse para a prática do ecoturismo.