A Estação Ecológica de Jataí foi criada para proteger, em seu território, as lagoas marginais ao Rio Mogi Guaçu e importantes áreas de Cerrado do Estado e a grande biodiversidade existente, representada por mais de 1.700 espécies de flora e fauna. A Unidade de Conservação preserva um sistema lagunar, composto por 14 lagoas marginais contiguas à planície de inundação do Rio Mogi-Guaçu. Quando isoladas sazonalmente ou permanentemente do leito principal, formam lagoas e depósitos de areia ou argila pelos processos de erosão e assoreamento.

A área da EEJ é drenada por quatro córregos principais: o da Boa Sorte, o do Beija-Flor (ou Jataí), do Cafundó e, por fim, um pequeno trecho do Ribeirão Vassununga. Além disso, são encontradas 14 lagoas em diferentes estágios sucessionais, como a do Diogo, que fica ligada ao córrego Cafundó e possui abertura para o rio Mogi-Guaçu, e a lagoa do Infernão, atualmente quase totalmente coberta por macrófitas aquáticas em estágio avançado de colmatação, ou seja, perda de profundidade do nível da água pelo acúmulo de detritos.

Imagem antes da cheia

Durante mais de dez anos em decorrência de pouca chuva, essas lagoas, não estavam cumprindo um importante papel de ser berçário para diversas espécies de animais, pois dependem das chuvas e do ciclo hidrológico local para serem reabastecidas. Atividade irregulares devido à mineração à montante do Rio, barragem e uso da água pela irrigação, também são responsáveis para que este fenômeno não ocorra.

 

 

Sobre as lagoas

As lagoas marginais apresentam diversos estágios sucessionais da vegetação em função principalmente da sua idade e período do isolamento do leito do rio. A dinâmica do rio, causada pela inundação periódica com renovação da água, fluxo de nutrientes e de sedimentos e arraste pela correnteza de porções da flora, principalmente daquela flutuante reflete diretamente na dinâmica da vegetação.

A ocupação das lagoas pela vegetação preservada forma um colchão sobre a superfície d’água, dando condições para que outras espécies se estabeleçam num processo de sucessão. Esse processo de sucessão é acompanhado por um processo de colmatação da lagoa em que a mesma se torna rasa e algumas espécies conseguem emitir raízes até o sedimento, provocando um processo rápido de sucessão de espécies arbustivas e arbóreas até o desaparecimento da lagoa.

Nas lagoas, é possível observar a presença de 80 espécies de peixe, barrigudinho (Phallotorynus jucundus), ameaçada de extinção e classificada no status “em Perigo” e Pacu (Myleus tiete), Trairão (Hoplias lacerdae) e bagrinho (Chasmocranus brachynema) consideradas vulneráveis.

Elas desempenham um papel fundamental no processo de reprodução e manutenção do ciclo de vida da ictiofauna do rio Mogi-Guaçu. Podem ser consideradas criadouros ou viveiros naturais da fauna íctica, que encontra, nesses locais, condições favoráveis para reprodução, abrigo e forrageamento.

Sobre a EEc Jataí

A Estação Ecológica de Jataí preserva uma amostra extremamente significativa de Cerrado em contato com Mata Mesófila Semidecídua. Sua geomorfologia define um número acentuado de habitats, desde áreas montanhosas até parte de uma planície de inundação com várias lagoas marginais, possibilitando a ocorrência de diversidade de espécies adaptadas a esses diferentes tipos ecossistêmicos e de processos ecológicos que os mantêm.

Atesta registros de espécies ameaçadas de extinção no estado de São Paulo, entre elas quatro vegetais: sucupira-preto, perinha-do-campo, palmito-juçara e xaxim; oito mamíferos, incluindo o tamanduá-bandeira, o bugio-preto, o lobo-guará, a onça-parda, a jaguatirica, o rato-do-mato, veado-mateiro, o cervo-do-pantanal; 19 aves incluindo o jaó, a mexeriqueira, o maracanã-nobre, o beija-flor-safira, a guaracava-de-topete, o azulão-verdadeiro, o batuqueiro; quatro peixes: o guarú-listrado-do-cerrado, o pacu-prata, o trairão e bagrinho-de-emas; e um réptil, o lagarto-de-rabo-azul.