Serão lançados 700 quilos de sementes da palmeira-juçara com o uso de drone
Entre esta quinta-feira (26) e a próxima segunda-feira (30), a Fundação Florestal realizará o lanço de sementes de juçara sem polpa no Núcleo Cunha, do Parque Estadual Serra do Mar. O lançamento aéreo de 700 quilos de sementes, com o uso de drone, acontecerá sobre uma área de 14 hectares, no município de Cunha. Este é o 21º lanço realizado pela Instituição em uma Unidade de Conservação do Estado desde que o Programa Juçara começou. As sementes foram adquiridas de agricultores do entorno da Unidade.
O Programa Juçara constitui uma iniciativa pioneira da Fundação Florestal em parceria com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, Secretaria de Desenvolvimento Regional, Secretaria de Desenvolvimento Econômico (por meio do Programa Vale do Futuro), Itesp, Ibama, universidades, prefeituras e entidades representativas da sociedade civil. A iniciativa oferece uma alternativa de trabalho e de renda a pequenos agricultores e comunidades tradicionais nas regiões onde se insere.
Em 2021, foram repovoados 360 hectares em Unidades de Conservação, sendo cinco no Vale do Ribeira e outras cinco em núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar. Já até dezembro de 2022, foram repovoados 236 hectares, sendo quatro no Vale do Ribeira e três em núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar.
Além da questão ambiental, o programa procura modificar a cultura extrativista da palmeira-juçara ao desestimular o corte da árvore para a extração do palmito, oferecendo a opção de obter seu sustento por meio do cultivo e da venda da polpa de semente para o reflorestamento.
A preservação da palmeira está diretamente ligada à manutenção da biodiversidade local. Sua semente e seu fruto servem de alimento para mais de 68 espécies, entre aves e mamíferos. Tucanos, jacutingas, jacus, sabiás e arapongas são os principais responsáveis pela dispersão das sementes, enquanto cotias, antas, catetos e esquilos, dentre outros, se beneficiam das sementes e frutos.
Núcleo Cunha, do PESM
Localizado no extremo norte do Parque Estadual, o Núcleo Cunha protege importante remanescente de matas nebulares, a mais de mil metros de altitude, com árvores de grande porte como cedro, peroba, maçaranduba, araucária, canela, ipê, que abrigam bromélias, orquídeas, samambaias, liquens e lianas.
Suas florestas preservam importantes mananciais para o abastecimento de água das cidades do Vale do Paraíba e até mesmo do Rio de Janeiro. Em seu território encontram-se as áreas de maior biodiversidade do Parque.
As florestas de altitude abrigam muitas espécies exclusivas em risco de extinção, como o sagui-da-serra-escuro, o mono-carvoeiro e o sauá, e aves como o macuco, jacutinga, saudade, cuiú-cuiú, negrinho-do-mato, pavó, gavião-de-penacho e pomba pararu.
O relevo acidentado favorece a formação de cachoeiras, especialmente nos rios Bonito, Ipiranga e Paraibuna, tornando este núcleo de especial interesse para a prática do ecoturismo.