No início do mês, foi realizado o primeiro plantio coletivo de mudas do Jardim de Interações do Parque Estadual Intervales (PEI) com a presença de pesquisadores, visitantes e monitores ambientais. O local faz parte de um projeto arquitetônico da sede do PEI que prevê a mudança das suas estruturas administrativas para uma única grande área, concentrando os equipamentos e serviços que o estado oferece em um único local.

O projeto, no seu atual nível de planejamento, determina apenas os volumes e proporções dos canteiros e maciços arbóreos que devem ser plantados. Com base nesse planejamento, a Gestão da UC, o Laboratório de Química de Produtos Naturais (LQPN) do Instituto de Química da USP e o Laboratório de Ecologia e Sistemática de Borboletas (Labbor) do Instituto de Biologia da Unicamp, por meio do projeto “Dimensões US-Biota São Paulo: Diversidade de interações multi-tróficas quimicamente mediadas em gradientes nos trópicos (2014/50316-7)” financiado pelo Programa Biota Fapesp, têm definido as espécies de plantas que podem ser plantadas, com objetivo de atrair espécies de borboletas e mariposas que ocorrem naturalmente no PEI para essa área.

No futuro, o Jardim de Interações será uma área de observação de mariposas e borboletas e permitirá ver a interação desses animais com as plantas, que servem de alimento para suas lagartas e adultos, com outros organismos como aves, que podem ser predadoras dessas espécies, e com vespas parasitoides. Três monitores ambientais já foram capacitados, e os demais realizarão o treinamento num futuro próximo, com o objetivo de repassarem o máximo possível de informações sobre as plantas, lepidópteros e suas interações para os visitantes, tornando o espaço um mostruário a céu aberto.

Nesse primeiro momento, foram plantados um grande canteiro de nhandiba (Piper regnellii), um maciço arbustivo arbóreo de cuvitinga (Solanum erianthum) e algumas mudas de manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora) e jurubeba brava (Solanum scuticum). Essas plantas atraem diversos lepidópteros, servindo de hospedeiras para as lagartas que se alimentam das suas folhas. A nhandiba serve de alimento para lagartas das borboletas Quadrus cerealis e Heraclides thoas brasiliensis e de lagartas de algumas espécies da mariposa Eois sp., enquanto a cuvitinga e a jurubeba brava são plantas hospedeiras para lagartas de Mechanitis lysimnia e suas belas crisálidas douradas. Por fim, o manacá-de-cheiro serve de alimento para larvas da borboleta-do-manacá (Methona themisto).

No ano passado, em uma atividade interna do parque, já haviam sido plantados um maciço de assa-peixe (Vernonia discolor), outro de margaridão (Tithonia diversifolia) e um canteiro de íris (Neomarica candida). Eles já trouxeram inúmeras borboletas durante o florescimento no segundo semestre de 2021, pois servem como fonte de abundante de néctar e, portanto, são atrativas para os lepidópteros adultos.

Além do Jardim de Interações que funciona como uma vitrine a céu aberto, no Centro de Visitantes do PEI foi instalado um Mostruário de Lepidoptera com borboletas preservadas numa grande caixa acrílica, acompanhada de material de divulgação (cartazes informativos e um catálogo de borboletas). Além disso, a parceria entre os laboratórios e o PEI produziram dois materiais de divulgação científica, sendo um levantamento das espécies de borboletas do PEI e o registro de um novo fenômeno da natureza da Mata Atlântica, a agregação de milhares de indivíduos da borboleta transparente (Epityches eupompe) em um curto período de inverno no interior do PEI. Os materiais de divulgação científica foram liderados pelas pesquisadoras Dra. Leila T. Shirai e Dra. Mariana A. Stanton.

Para saber mais sobre a UC, acesse: https://guiadeareasprotegidas.sp.gov.br/ap/parque-estadual-intervales/

Materiais sobre o tema:

Link para vídeo do fenômeno de agregação de borboletas transparentes no PEI:

https://www.youtube.com/watch?v=bUO4kpYS2uo

Catálogo de borboletas do PEI  http://doi.org/10.5281/zenodo.5068939

Posters de borboletas – http://doi.org/10.5281/zenodo.5893810