A falta de adesão aos procedimentos autorizados de pesca associada à irresponsabilidade de alguns provoca mais um triste episódio de morte de peixes nas águas do litoral paulista
Nas primeiras horas da manhã dessa quinta-feira (23) foram encontrados 80 indivíduos do gênero Rhinobatos (cação viola) ao longo da faixa de areia, na praia da Fazenda, no Núcleo Picinguaba do Parque Estadual Serra do Mar. Os animais estavam em avançado estado de decomposição.
Junto ao grupo havia também uma tartaruga-verde morta (Chelonia mydas). Um primeiro exame superficial feito pela equipe de gestão da unidade indicava que a tartaruga não havia sofrido interação antrópica evidente e que, aparentemente, sua morte não está relacionada ao grupo de cações.
Segundo Camila Oliveira, gestora da unidade, “considerando que os cações estavam sem cabeça, é provável que tenham sido devolvidos no mar ou porque estavam estragando ou por aproximação da fiscalização”.
Enquanto isso, 200 km ao sul, mais de 56 raias-ticônia (Rhinoptera bonasus) e três filhotes de tubarão-martelo foram encontradas na areia de restinga, também mortas, aparentemente abandonadas na praia de Taniguá, na APALMC, em Peruíbe. A primeira avaliação da equipe também indica captura acidental por redes de pescas fora do padrão autorizado e, provavelmente, com tração mecânica.
Para Maria Tereza Lanza, gestora da APAMLC, “agora é período de reprodução das raias e dos tubarões, espécies de elamosbrânquios. Recomendamos cuidados redobrados aos pescadores, principalmente no que se refere à devolução dos animais à agua, uma vez que a pesca manual de arrasto permite selecionar os peixes permitidos e liberar os demais”.
Como instituição responsável pela proteção dos recursos naturais do estado de São Paulo, o que inclui a proteção da fauna marinha, a Fundação Florestal lamenta os dois episódios que resultaram na morte dolorosa e desnecessária de tantos animais.
A FF reforça seu compromisso com as ações de vigilância e com o reforço das campanhas de informação e de conscientização dirigidas aos profissionais que se dedicam à pesca responsável, uma atividade legal e reconhecida, ao longo do litoral paulista. Esses esforços incluem a divulgação permanente da legislação que trata dos períodos e dos equipamentos de pesca autorizados para o exercício responsável da atividade pesqueira.