Em relação ao Pico do Corcovado, no Parque Estadual Serra do Mar, a Fundação Florestal reconhece a necessidade de aprimorar o diálogo para a construção de uma solução conjunta em valorização aos trabalhos e iniciativas dos guias locais da Associação Coaquira e dos moradores do bairro tradicional caiçara do Corcovado, bem como da comunidade indígena aldeia Renascer Ywyty Guaçu na proteção da floresta e da sua cultura ancestral.

As obras iniciadas na quarta-feira (29/9) foram temporariamente suspensas até a reunião realizada na última sexta-feira (1º/10), com a participação da Fundação Florestal, Funai, comissão Guarani Yvyrupa, um dos coordenadores da organização Tupi Guarani Ywy Maraey, Ministério Público Federal, Polícia Militar Ambiental e representantes da aldeia Renascer Ywyty Guaçu, incluindo três de suas lideranças. Na ocasião, a comunidade indígena manifestou suas preocupações e apresentou seu relevante trabalho em prol da conservação da natureza, tanto por meio do plantio de mudas nativas, quanto pelas ações de fiscalização e proteção do território contra loteamentos clandestinos, mineração e desmatamento. Também ficou definida a retomada do diálogo e a construção de uma parceria para a preservação do território.

As intervenções foram reiniciadas após esclarecimentos da Fundação Florestal sobre a necessidade da implantação de estruturas de baixo impacto em atendimento aos anseios da comunidade local e dos ecoturistas, que contribuirão inclusive para o controle de erosões e incremento na segurança. As obras preveem a instalação de cordas, degraus, corrimões e estão sendo acompanhadas por três indígenas.

Em 2018, por meio de chamamento público, foi firmado um termo de autorização junto a Associação Coaquira, formada por guias locais de Ubatuba, para o ordenamento de visitação na Trilha do Corcovado. A parceria foi capaz de regularizar uma visitação desordenada que gerava impactos à biodiversidade do local (lixo na trilha, sobrecarga de pessoas no atrativo, coleta de orquídeas e demais espécies da flora nativa, pichação de atributos geológicos do cume, etc). Para tanto, foram estabelecidas como contrapartidas em favor do parque, o controle de acesso ao atrativo dentro da capacidade de suporte, por meio de visitas monitoradas e previamente agendadas, a remoção de lixo, a manutenção das trilhas, o auxílio no resgate à turistas perdidos, entre outros.

De forma voluntária e gratuita, a associação qualificou 17 moradores da comunidade tradicional caiçara do bairro do Corcovado como guias credenciados e também realiza o projeto de plantio e acompanhamento das mudas. Durante a pandemia, mesmo impossibilitados de guiar, os monitores mantiveram o controle de acesso ao pico evitando a presença de possíveis vetores de contágio para toda a população do entorno.  Todas essas ações não só reduziram os impactos ambientais negativos, como também aprimoraram a interação do público com a Unidade de Conservação e promoveram a inclusão social dos moradores do entorno.

A Fundação Florestal tem a convicção de que só avançaremos mediante uma atuação baseada no respeito e no diálogo entre todos os atores. Qualquer disputa entre grupos da mesma bandeira só servirá aos adversários de importantes causas socioambientais.