Operação ”Verão Limpo” retira mais de 600 kg de resíduos sólidos (plástico, vidro, colchão, tecidos etc) de praias desertas em São Vicente e São Sebastião.

No domingo, 28 de fevereiro, uma grande ação de limpeza em praias desertas foi realizada pela ONG Ecologia em Movimento nas cidades de São Vicente e São Sebastião, no litoral do estado. Uma equipe de 25 voluntários, entre os quais técnicos e professores, estudantes universitários e funcionários do Parque Estadual do Xixová-Japuí (PEXJ) retiraram mais de 600 kg de lixo das praias de Paranapuã e Prainha da Enseada, sendo mais de 10 kg de microlixo. A ação foi coordenada pela Ecomov e seguiu os protocolos de prevenção à Covid-19.

Em São Vicente, 20 participantes retiraram 588 kg de resíduos, a maioria embalagens alimentares consumidas em residências, produtos de limpeza e roupas. Foram 72 sacos de lixo pesados e 7 kg de microlixo, um dos maiores causadores da mortandade de animais marinhos. O destaque ficou por conta de um velho aparelho de TV, encontrado na faixa da entremaré.

A Fundação Florestal, representada por Marisa Goulart, gestora do PEXJ, e equipe, apresentou uma palestra sobre a criação e a gestão da unidade para maior conhecimento sobre a área antes dos trabalhos e também reforçou os protocolos de segurança de todos. Os voluntários tiveram o apoio de monitoria do Gremar.

PEXJ

A praia de Paranapuã, localizada no PEXJ, é reservada para proteção de aves marinhas, principalmente as espécies ameaçadas de extinção, como o trinta-réis real. A praia é uma área de visitação restrita, sendo permitida somente a visita monitorada, voltada à educação ambiental, pesquisa ou ações de limpeza.

A coleta de resíduos ocorreu em toda a extensão da faixa de areia de costão a costão. A destinação do lixo recolhido teve orientação da Unidade de Conservação e apoio de veículos adaptados para esse fim. ”Essa ação foi nova para todos nós que atuamos em praias com presença de banhistas há anos. Agora tivemos a conclusão que o lixo gerado no estuário por moradias irregulares e nas praias em alta e baixa temporada acabam se acumulando nessas áreas que são de suma importância para a biodiversidade local. As aves marinhas frequentam a praia para alimentação e reprodução. Esse trabalho ajuda a proteger e preservar essas espécies”, afirma Rodrigo Azambuja, coordenador da operação.

Litoral Norte

Em São Sebastião, uma equipe de professores coletou 4 kg de microlixo na Prainha da Enseada. A coordenadora Carla Moreira, bióloga e professora, iniciou um trabalho com a presença de assistentes a fim de descobrir o impacto e origem do microlixo nas praias do litoral norte, buscando interagir com seus alunos e professores compartilhar a experiência da ação. O objetivo é criar um grupo maior para professores nas cidades da região e atuar com educação ambiental.

Impacto Ambiental

Dentre o material retirado do PEXJ, foram identificadas garrafas pet e embalagens de uso doméstico como xampus, detergentes, potes, alimentos de cesta básica e microlixo como canudos, tampinhas pet, palitos de pirulito e cotonetes.

”Os resíduos de alta densidade como PEAD, polímero derivado do petróleo, com duração média de 200 anos podem gerar impactos como a ingestão por aves e tartarugas. Os mais perigosos são as tampinhas, pinos de uso de drogas e fragmentos de plástico rígido”, aponta a bióloga Roberta Peçanha, participante da operação.

Para Juliana Teixeira, bióloga responsável pela organização, ”Devido à pandemia, inovamos para uma ação coletiva e com todo cuidado nas praias desertas para descobrir o impacto causado pelo lixo do verão, gerado nas praias populosas e mais frequentadas que acabam migrando para essas áreas gerando impactos ambientais incalculáveis”.

Para saber mais sobre o Parque Estadual Xixová-Japuí e outras Unidades de Conservação paulistas, acesse o Guia de Áreas Protegidas em https://guiadeareasprotegidas.sp.gov.br/