1941, um ano na História

Em dezembro de 1941, a tensão da Segunda Guerra aumenta quando os japoneses atacam Pearl Harbor e os Estados Unidos entram no conflito que se estenderia até 1945. Na Europa, Hitler continua sua ofensiva militar e invade a União Soviética. O Brasil, sob o Estado Novo de Getúlio Vargas desde 1930, acompanha os eventos de longe.

As notícias eram transmitidas por emissoras de rádio, o principal de meio de comunicação de massa do país, que também transmitia as canções mais populares, Alá-Lá-Ô,  de Carlos Galhardo e O Mar, de Dorival Caymmi. Nesse ano, foi ao ar a primeira radionovela brasileira, “Em Busca da Felicidade”, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. 1941 marca também o nascimento de Roberto Carlos e Bob Dylan.

Em São Paulo, o interventor federal Adhemar de Barros assina o decreto de criação do Horto Florestal de Campos do Jordão, que viria a se tornar o Parque Estadual Campos do Jordão, um dos mais charmosos do Brasil. É sobre isso que vamos falar nessa matéria especial.

O Parque

O Parque Estadual Campos do Jordão – PECJ foi criado pelo Decreto-lei nº 11.908, de 27 de março de 1941. Conhecido localmente como “Horto Florestal”, o PECJ tem por objetivo preservar remanescentes de Mata de Araucária, espécie ameaçada, que atualmente corresponde de 1% a 3% de sua cobertura original. O parque tem 8.341 hectares de área ocupando cerca de 30% do território do município de Campos do Jordão. Está localizado entre 1.030 e 2.007 metros de altitude na Serra da Mantiqueira, abrigando vegetação e fauna singulares, característicos de Mata Atlântica. A região é marcada por paisagens recortadas por morros acentuados com campos naturais nos cumes e fundos de vale cobertos por mata e muitos rios.

O PECJ é o primeiro parque estadual do estado de São Paulo e também pioneiro com a publicação do primeiro Plano de Manejo do Brasil, datado de 1975. Foi precursor, no estado, na abertura de serviços e comércio em sua área de visitação, iniciativa que atualmente é considerada essencial para o Uso Público das UCs. O parque recebe em média 130 mil visitantes por ano, vindos de vários locais do país, principalmente da capital paulista, atraídos pelo clima de montanha e pelo bonito cenário natural.

Um longo percurso

A história do PECJ está atrelada à produção madeireira no estado, o que justifica a existência de uma Serraria movida a moinho d’água em suas dependências, datada de 1927. Na década de 1950, pinheiros exóticos do gênero Pinus foram largamente plantados e são passíveis de manejo.

Antes de serem desapropriadas, as terras que atualmente compõe o Parque, eram chamadas de Fazenda da Guarda, cuja origem do nome tem duas hipóteses: questões militares de proteção na divisa entre Minas Gerais e São Paulo; e entreposto de escoamento do ouro do sertão para o litoral.

A rica história do parque também reflete a estrutura estabelecida pelo Instituto Florestal para a exploração de madeira de Pinus. O Parque chegou a abrigar mais de 500 moradores (mais de 200 funcionários e suas famílias), formando uma verdadeira comunidade dentro do município, com escolas e áreas de lazer próprias. São três gerações de jordanenses que têm relação histórica e afetiva com o “Horto Florestal”.

O local já foi palco de muitas histórias nos tempos do desbravamento dos Bandeirantes na Serra da Mantiqueira, pelas trilhas de tropeiros e também durante os eventos da Revolução de 1932, com a presença de soldados nas trincheiras nos dois lados da divisa de estado.

Fauna e Flora

A Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária, como é conhecida, apresenta elevada diversidade de espécies. Além da Araucaria angustifolia e do Podocarpus lamberttii, espécies importantes como o cedro-rosa, a canela, a pitanga, o guamirim e o araticum são nela encontradas. Há ainda uma grande riqueza de epífitas como bromélias, musgos e líquens.

O relevo acidentado da Serra da Mantiqueira, onde está localizado o Parque proporciona a formação de mais duas fisionomias vegetais: os Campos de Altitude, que ganham destaque na primavera por conta das diversas espécies da flora que dão um colorido espacial a essa formação, e as Matas Nebulares, encontradas nas altitudes superiores a 1.800 metros.

A fauna também é variada, sendo encontradas várias espécies de mamíferos, dentre eles estão a onça suçuarana, o cateto, os macacos prego e sauá, a capivara, o veado catingueiro e o serelepe. Entre as aves estão os ameaçados papagaio-de-peito-roxo e caneleirinho-de-chapéu-preto. Também são encontrados o jacuaçu, a gralha-picaça, a saudade, o grimpeiro, a choquinha-da-serra, e o quete-do-sudeste, por exemplo. Répteis como as serpentes urutu e muçurana e anfíbios como a perereca-flautinha também são encontrados no local.

Atividades de educação ambiental

A educação ambiental sempre foi uma das principais frentes de atuação do PECJ, sendo uma referência neste sentido pelo seu Programa de Educação Ambiental. Desenvolvido pela Câmara Técnica de Educação Ambiental, o Programa desenvolve ações como: o Calendário Ambiental composto de eventos de cunho ambiental em datas comemorativas ao longo do ano; o Programa de Voluntariado que visa incluir jovens estudantes nas atividades de conservação e visitação; produção de material didático e o desenvolvimento de projetos: Oficina das Águas (capacitação de professores), Projeto de Conservação do Papagaio-de-Peito-Roxo, Limpeza das Águas, Campanha Educativa de Prevenção de Incêndios Florestais, dentre outros.

Além das ações de EA realizadas na área de Uso Público tendo como público alvo visitantes e moradores locais e executada principalmente pela empresa Urbanes Campos, Concessionária do Uso Público do PECJ. A Urbanes Campos mantém as mídias sociais do Parque atualizadas com mensagens educativas, valorizando a Unidade de Conservação, a fauna e flora. O Parque também recebe visitas agendadas de públicos diversos, principalmente escolas públicas e privadas.

Principais atrativos

Dentre os atrativos de visitação, destacam-se as trilhas (quatro autoguiadas e uma monitorada), Centro de Visitantes, Centro de Exposições, bosques, lagos, capela, área infantil, espaços para piquenique e áreas de lazer para caminhadas e contemplação da natureza. Além disso, dispõe de serviços oferecidos por outras empresas, como arvorismo, tirolesa, aluguel de bicicletas, restaurante, chocolateria e café, passeio de trenzinho e lojas de souvenirs, artesanato e plantas.

Concessão do Uso Público

Desde abril de 2019, a empresa Urbanes Campos SPE Ltda é a concessionária responsável pelo atendimento nas áreas de visitação pública do parque. A área de Uso Público do PECJ atende pela área central de visitação e sua estrutura, que corresponde a cerca de 5% da área total do parque. As demais atividades como pesquisa, fiscalização e projetos de conservação continuam sob a responsabilidade da Fundação Florestal.

Trata-se da primeira Concessão de Uso Público de Unidade de Conservação no Estado de São Paulo. O Contrato de Concessão está vigente por um período de até 30 anos. Prevê não apenas o cumprimento de encargos, mas também um investimento de mais de R$ 8 milhões em serviços de manutenção e de modernização das áreas de uso público do PECJ.

Desde a concessão, o parque tem recebido melhorias estéticas e reformas em suas estruturas de visitação existentes, instalação de novas estruturas e atrativos e planos para a abertura de novos serviços de alimentação e de hospedagem.

Trilhas

As principais trilhas abertas a visitação são:

  • Trilha das Quatro Pontes – 1.000 m (dificuldade baixa)
    A trilha margeia o Rio Sapucaí-Guaçu e atravessa por pontes de madeira, sendo duas pontes pênseis. É de fácil acesso. Tempo estimado de 40 minutos de caminhada (ida e volta).
  • Trilha da Cachoeira – 4.600 m (dificuldade baixa)
    Caminhada agradável que passa pelo Instituto de Pesca, referência na pesquisa em truticultura e salmonicultura no país, que adentra a Mata de Araucária com a presença de árvores antigas e que termina na Cachoeira do Galharada. Percurso de fácil acesso, praticamente todo plano. Tem opção de ser feito de bicicleta. Tempo estimado de 1h30 de caminhada (ida e volta).
  • Trilha do Rio Sapucaí – 2.600 m (dificuldade média)
    Percurso que permite o encontro araucárias centenárias e avista a vegetação dos campos de altitude e as corredeiras do Rio Sapucaí-Guaçu. Trilha de percurso circular. Tempo estimado de 1h20 de caminhada.
  • Trilha dos Campos – 3.000 m (dificuldade média)
    A trilha permite o contato os campos de altitude, vegetação nativa singular da região. Percurso com desnível significativo e exposição ao sol. Tempo estimado de 1h40 de caminhada.
  • Trilha da Celestina – 8.000 m (dificuldade alta – monitorada)
    A trilha mais famosa do parque atravessa todas as fitofisionomias da vegetação nativa e possui vista panorâmica em mirante a 1.910 m de altitude. Percurso mais longo, com maior dificuldade devido à elevação da trilha. Só pode ser feita com o acompanhamento de monitores. Tem duração estimada em 4h30 de caminhada.

Como chegar

O parque está localizado no município de Campos do Jordão. Do centro turístico de Capivari são aproximadamente 15 quilômetros até a chegada à portaria (25 minutos). O acesso pode ser realizado pela Avenida Pedro Paulo, altura do número 9999. As placas de trânsito sinalizam o caminho para o “Horto Florestal”. O acesso também pode se dar por linha de ônibus municipal, com saídas e chegadas a cada hora.

O parque abre todos os dias (exceto quarta), das 8h30 às 17h (com permanência até às 18h). O endereço é Av. Pedro Paulo, s/n°, Campos do Jordão, SP. O ingresso custa R$ 15 (com meia entrada para estudantes e idosos: R$ 7,50). Crianças até 6 anos não pagam entrada. A entrada é grátis para moradores de Campos do Jordão, com apresentação de documento.

As visitas estão temporariamente suspensas em decorrência das restrições impostas pelo Plano SP de combate à Covid-19.

Contatos: Telefone (12) 9 99607.0501 / contato@parquecamposdojordao.com.br

Acompanhe a programação do parque pelas mídias digitais:

Facebook.com/parquecamposdojordao

Instagram.com/pecamposdojordao

http://www.parquecamposdojordao.com.br