O dia 10 de setembro marca o 38º aniversário de criação do Parque Estadual Carlos Botelho, resultado concreto do consenso ecológico da década de 1980 que reuniu as reservas de Capão Bonito, Travessão, Sete Barras e Carlos Botelho.

Desde a assinatura do Decreto Estadual 9.499/ 1982, o PECB experimentou múltiplas adversidades e desafios, mas sempre ofereceu procurou atender às demandas das comunidades onde se localiza, integrando-as e tornando-se um ponto de referência regional.

Seus três núcleos (Sete Barras, São Miguel Arcanjo e a Estrada-Parque) oferecem uma diversidade de possibilidades ao visitante.

Estrada-Parque

A Estrada-Parque Serra da Macaca é uma via importante via de acesso entre as regiões do Vale do Ribeira e Planalto do Alto Paranapanema. Seu cenário canaliza o fluxo de romarias a Bom Jesus de Iguape e a São Miguel Arcanjo, além de atrair ciclistas, motociclistas e banhistas.

A via foi traçada sobre as marcas das picadas usadas por devotos residentes na região de Itapetininga que peregrinavam à cidade de Iguape, no litoral sul de São Paulo, para homenagear e agradecer ao Cristo Bom Jesus. Se a devoção a Bom Jesus é centenária, bem mais recente é a peregrinação à basílica de São Miguel Arcanjo, proveniente das cidades do litoral sul, que também transformam os 33 quilômetros em uma das estações de sua jornada de fé.

O charme dessa estrada está em detalhes de diversos atrativos, como o rio Taquaral, distribuídos as margens do seu leito, somada à estrutura de seu calçamento. Um projeto

pioneiro para rodovias, o piso de bloquetes distribuídos ao longo de seus quase 35 quilômetros é um grande quebra-cabeças que não impermeabiliza o terreno ao mesmo tempo que mantem uma malha estável para o tráfego.

Esta obra é símbolo da preocupação com o desenvolvimento sustentável pois, desde o início foram instaladas passagens de fauna para reduzir, tanto quanto possível, a fragmentação das populações animais.

Aliás, a surpresa de encontrar uma anta passeando tranquilamente pelo leito da estrada, logo nas primeiras horas do dia é uma emoção inesquecível.

Núcleo Sete Barras

Local muito procurado por banhistas, o Núcleo Sete Barras é dotado de uma riqueza paisagística singular. Essa joia incrustada no Vale do Ribeira constitui-se em um ponto pouco explorado em seu potencial ecoturístico. Como exemplo, podemos mencionar a atividade de observação de aves, que já se consolidou como uma das opções de lazer do Núcleo São Miguel Arcanjo.

As trilhas do Pico da Pedra Maior e do Continuum são atrativos desafiadores que seduzem os aventureiros mais experientes, enquanto a Trilha da Figueira atende a alunos e grupos familiares com remansos azul turquesa.

Destaca-se na dinâmica dessa unidade de conservação a interação com a comunidade de Sete Barras na formação de novos monitores ambientais locais e a exposição e venda de produtos da aldeia guarani Peguao-Ty, nos dois últimos anos.

Núcleo São Miguel Arcanjo (sede)

Abriga grande parte de projetos de pesquisa, desenvolvidos no PECB. Em seus limites ocorrem atividades como boia-cross no rio Taquaral, observação de fauna (com destaque para a observação de muriquis-do-sul e de aves), além de opções de trilhas, que agradam desde os iniciantes até os mais experientes visitantes.

O PECB atende a várias escolas da região. Dentre os projetos já desenvolvidos vale destacar o Criança Ecológica, Lugares de Aprender que buscaram uniformizar a educação ambiental e integrar o aprendizado curricular com as unidades de conservação.

Atualmente, desenvolve-se o projeto Corredor da Biodiversidade do Rio Taquaral, cujo objetivo é integrar a educação ambiental na vida cotidiana da população local por meio de ações de enriquecimento florestal das propriedades rurais e pela destinação correta de resíduos da sede e da escola municipal Vereador José Camargo. Igualmente importante nesse projeto é a experiência lúdica que as crianças têm ao fazer o resgate de mudas nas áreas de pisoteio das trilhas.

2020, não está sendo um ano com grandes fluxos de visitantes em decorrência da necessidade de distanciamento social. Essa realidade, porém, não é sinônimo de inércia, pois o trabalho interno não para. Estamos preparando novas rotas e atrativos para continuar recebendo e encantando os visitantes.

Hoje o PECB completa 38 anos de vida, consciente de que a preservar não é uma ilha ou um valor em si mesmo, mas um caminho para cuidar de quem amamos.