A Fundação Florestal se juntou ao Instituto Florestal, à Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS) e ao Projeto Semeando Água, do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), para realizar o 1º Simpósio Técnico-Científico do Continuum Cantareira. O evento reuniu cerca de 60 profissionais entre gestores de Unidades de Conservação, integrantes do Comitê de Bacia do PCJ, da Fapesp, pesquisadores e lideranças na sede do IPÊ, em Nazaré Paulista, nos dias 30 e 31 de outubro.

Na abertura do evento, Lucila Manzatti, diretora Metropolitana Interior da Fundação Florestal, contou que após a aprovação dos planos de manejo das unidades no Continuum Cantareira surgiu a necessidade de apoiar a implementação da ferramenta. “Os planos estão aprovados, os programas estão prontos. Então, como poderemos apoiar nossos gestores na implementação dos planos? O simpósio abrirá os horizontes de cada uma das UCs que têm características tão peculiares e contribuirá para que a gestão possa ocorrer de forma conjunta”.

Para o anfitrião Eduardo Humberto Ditt, secretário executivo do IPÊ, sediar o simpósio é mais que uma parceria, foi um privilégio para o IPÊ, que se identifica com o propósito do encontro. “Estamos abrindo portas para fazer com que os resultados das pesquisas sejam direcionados para as ações. Percebemos que apesar de toda a riqueza de recursos hídricos e biodiversidade, a paisagem está vulnerável. Então, como podemos contribuir para fortalecer as UCs e quais maneiras para buscar alternativas econômicas compatíveis, sobretudo por estarmos numa região circundada por municípios que compõem boa parte do PIB brasileiro?”, questionou.

A programação do primeiro dia traçou um panorama tanto do continuum quanto da pesquisa relacionada ao território. Foram apresentados trabalhos de pesquisadores que desenvolveram estudos em Unidades de Conservação da região. Os participantes também ouviram os gestores das UCs do Continuum: os Parques Estaduais da Cantareira, Itapetinga, Itaberaba, a Floresta Estadual de Guarulhos, o Monumento Natural Pedra Grande e as APAs Sistema Cantareira e Represa Bairro da Usina.

O tema conectividade no Continuum Cantareira também foi um dos destaques. A cobertura florestal no Sistema Cantareira é de 35%. Aumentar a conexão no eixo norte-sul unirá grandes maciços florestais, fato que trará benefícios para a biodiversidade local, como, por exemplo, a troca genética. Como parte significativa do continuum está dentro da APA do Sistema Cantareira, pesquisas que estimulem o melhor uso do solo na região também são estratégicas e têm potencial de contribuir inclusive com a segurança hídrica, pois na região metropolitana de São Paulo 7,6 milhões de pessoas recebem água do Sistema.

No segundo dia, os participantes foram divididos em grupos temáticos: gestores, pesquisadores de fauna, hidrologia, vegetação. Os grupos avaliaram um questionário, identificando os principais gargalos para a realização da pesquisa nas UCs e propuseram temas prioritários para a realização de estudos.

Segundo Lucila Manzatti, “esta foi uma oportunidade de nos aproximarmos das universidades e dos institutos de pesquisa. Saímos com muita energia, com foco, com lição de casa: trabalhar em rede e reconceituar algumas estratégias e formas de atuação, além de fomentar a captação de recursos para a realização de pesquisas”.

Ao fim do simpósio foi elaborada a Carta de Nazaré Paulista, um resumo do que foi debatido no evento e que, em breve, será entregue à direção executiva da Fundação Florestal, aos secretários de Infraestrutura e Meio Ambiente e da Agricultura e aos diretores dos institutos. Será também publicada aqui no site.