Suas matas abrigam o muriqui-do-sul, o maior primata das Américas

Em 8 de novembro de 2002, a Serra da Mantiqueira ganhou mais um instrumento de preservação. Naquela data, foi criada, pela Lei Estadual nº 11.262, a Área de Proteção Ambiental São Francisco Xavier (APASFX), posteriormente, regulamentada pela Resolução SMA 64/08, que instituiu seu Plano de Manejo. Os principais atributos de proteção? Os recursos hídricos, a cultura tropeira e o morador mais ilustre da APASFX: o primata muriqui (Brachyteles arachnoides), considerado o maior macaco das Américas.

Localizada no município de São José dos Campos – especificamente no distrito que dá o nome à APA, São Francisco Xavier – essa unidade de conservação é um importante local de atração para o turismo regional e recebe pessoas de diversos estados e regiões que vão em busca da paisagem ímpar e das cachoeiras características dos ecossistemas da Serra da Mantiqueira.

A APASFX integra o Mosaico de Unidades de Conservação da Mantiqueira, formado por unidades de conservação dos estados de SP, MG e RJ, num território de aproximadamente 700 mil hectares. Sua gestão é de responsabilidade da Fundação Florestal, com apoio da Prefeitura de São José dos Campos e fundamentada nas diretrizes estabelecidas por seu Conselho Consultivo.

A APA conta ainda com apoio de parceiros locais como a ORBE, a Biblioteca Solidária, associações de bairros e produtores rurais, além de um grupo de monitores ambientais voluntários. Os recursos disponíveis para gestão são oriundos do orçamento anual da Fundação Florestal, de compensações ambientais e projetos obtidos pelos parceiros e/ou pela própria Fundação Florestal. A gestão atual de seu Conselho foi empossada em janeiro de 2018, para um período de dois anos.

Morador ilustre

O muriqui, o maior primata das Américas vive na APASFX. Pode chegar a 1,5 m de altura e pesar 15 kg. Seu nome é correto é muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), mas também é conhecido como mono-carvoeiro. Ele habita as matas de São Francisco Xavier e sua preservação é um dos principais objetivos do Plano de Manejo da APASFX.

Originalmente, o muriqui é encontrado nas florestas desde o Paraná até São Paulo, onde é reconhecido como muriqui-do-sul.  Atualmente, essa espécie encontra-se ameaçada de extinção, tanto pela diminuição das matas que são seu habitat, como pela caça predatória. Em São Francisco Xavier, ele foi redescoberto em 1991, pelo biológo Luiz Alberto Antonieto e passou a ser símbolo do distrito em 1994, como forma de aumentar o nível de conscientização sobre a importância de preservar a Serra Mantiqueira.

A partir de 1997, foi desenvolvida uma pesquisa sobre os muriquis, pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Por meio dos estudos da ecóloga Marilene Mesquita, foram identificados três grupos familiares, com uma média de 30 indivíduos cada. Uma das estratégias para colaborar com a sua preservação é o uso da figura do simpático muriqui em muitos produtos comerciais do distrito. Como metas futuras, é importante que se ampliem os programas de educação ambiental sobre o tema nas escolas e que novos projetos de pesquisa sobre a espécie sejam estimulados na região.

Animais dóceis

De cor marrom amarelada, os muriquis caracterizam-se pela face e pelas palmas das mãos, que são pretas. Alimentam-se de folhas, frutos e pequenos insetos; sendo excelentes dispersores de sementes. O muriqui é endêmico da Mata Atlântica, sendo encontrado a uma altitude que varia de 600 a 1.800 m. As fêmeas têm um filhote a cada três anos, com um período de gestação de oito meses.

Faça uma visita!

É possível fazer passeios e trilhas pela APASFX, com o objetivo de avistar esses animais, que além de belos, são animais dóceis, brincalhões e afetuosos entre si. Para que esse contato seja uma experiência agradável, tanto para os visitantes, como para os animais, recomenda-se que os grupos sejam monitorados por guias que conheçam bem a região e a rotina dos animais.

Para mais informações
Fone: (12) 3926-1790
E-mail: apa.franciscoxavier@fflorestal.sp.gov.br
Texto: Aline Rezende, Dirceu Rodrigues e Ronaldo Souza (muriqui)
Fotos: Dirceu Rodrigues e Mauro Galvão (muriqui)
Revisão: Cris Leite