O coral-sol é uma espécie exótica que compete e mata as espécies nativas de corais

A equipe do Parque Estadual Ilha Anchieta (PEIA), em parceria com diversas instituições ambientais, realizou sua primeira Expedição Coral-Sol , no mês de fevereiro. O objetivo era identificar e monitorar a presença desta espécie exótica e invasora na maior área possível dos costões da Unidade de Conservação. Foram cinco dias de expedição, em mergulhos livres e autônomos ao redor da ilha que resultaram no mapeamento e manejo de 5.248 colônias de coral-sol.

Segundo a gestora do PEIA, Priscila Saviolo, a expedição marca o início de um longo trabalho. “Acreditamos que esta primeira expedição foi um importante passo para contenção desta espécie tão agressiva, que compete com as espécies nativas. O Plano Nacional Estratégico de Espécies Exóticas apresenta a necessidade de identificar a presença do coral-sol, bem como manejar e monitorar. Desta forma, estamos contribuindo não só com a vida marinha ao redor da ilha, mas também com a biodiversidade no litoral norte.”

Apoio
O Instituto Chico Mendes (ICMBio), por meio do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Alcatrazes, vem liderando ações de manejo da espécie no Litoral Norte, bem como pesquisas cientificas. O Instituto Argonauta, Polícia Militar Ambiental (PAMB) Área de Proteção Marinha Litoral Norte participaram da expedição, além de funcionários e voluntários do PEIA.

O Coral-Sol
No Brasil foram identificadas duas espécies de coral-sol: Tubastraea coccínea e Tubastraea tagusensis. Elas foram registradas pela primeira vez no Brasil nos anos 80, em plataformas de petróleo na Bacia de Campos (RJ) (Castro & Pires, 2001). Depois de 40 anos, as espécies estão espalhadas ao longo de mais de 3.500 km, competindo com espécies nativas e endêmicas (Capel et al, 2018).

As espécies de coral-sol possuem características biológicas que potencializam seu sucesso como invasora, com diferentes estratégias reprodutivas e de sobrevivência. Elas são hermafroditas simultâneas e incubadoras podendo se reproduzir através de larvas de forma assexuada ou sexuada (Ayre & Resing, 1986; De Paula, 2007; Glynn et al., 2008; De Paula et al., 2014). Seu sucesso reprodutivo também se dá devido à alta produção de larvas ao longo do ciclo de vida e pela precoce idade reprodutiva, podendo reproduzir com larvas assexuadas com apenas 80 dias de vida.

A presença do coral-sol foi constatada em diversas áreas no Litoral Norte do Estado de São Paulo, inclusive em Unidades de Conservação, como a Ilha de Búzios, território tanto da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte (APAMLN) quanto do Parque Estadual Ilhabela (PEIb), Arquipélago de Alcatrazes (ESEC Tupinambás e Refúgio de Vida Silvestre Alcatrazes – unidade federal) e mais recentemente no Parque Estadual da Ilha Anchieta.

texto: Aline Rezende  foto: Projeto Coral Sol