Praia Brava, no Núcleo São Sebastião do Parque Estadual Serra do Mar. Foto: Antônio Nairton Araújo

Um registro inusitado foi feito no Núcleo São Sebastião do Parque Estadual Serra do Mar (PESM), no último dia 13. A equipe do PESM encontrou vestígios da passagem de uma anta brasileira (Tapirus terrestres) pelas areias da Praia Brava, ponto em que a Unidade de Conservação chega à cota zero, ou seja, ao nível do mar. A espécie é considerada vulnerável no Brasil e em perigo de extinção na Mata Atlântica.

O Tapirus terrestris é o maior mamífero brasileiro. Sua gestação demora de 13 a 14 meses, gerando apenas um filhote por vez. Esta característica torna a espécie vulnerável às pressões ambientais. Na Mata Atlântica, a caça e o desmatamento são considerados as maiores ameaças na conservação da espécie. Por ser frutívoro, consumindo grandes quantidades de sementes variadas, este animal tem grande importância para a estruturação das florestas, manutenção da biodiversidade e, consequentemente, para a conservação do bioma.

Refúgio

A inclusão da Praia Brava ao território do PESM, em 2010, permitiu a proteção de um corredor ecológico que conecta os remanescentes de topo de serra à praia, incluindo no domínio do parque uma vasta diversidade de fisionomias de Mata Atlântica, desde a floresta ombrófila densa montana e sub-montana, até a encosta, planície e restinga. As pegadas da anta na areia atestam a importância deste corredor ecológico, que tem como um dos objetivos, a proteção da flora e da fauna, principalmente de espécies ameaçadas, como é o caso da anta.

O Parque Estadual Serra do Mar é considerado um destaque na preservação da população da espécie, uma das únicas três áreas que mantém populações viáveis com mais de 200 indivíduos. Esta condição diferencia o Estado de São Paulo em relação ao bioma, fazendo com que a anta seja classificada com vulnerável no Estado.