Por: Fundação Florestal

Imagine uma caminhada em meio à Mata Atlântica em uma fresca noite de lua cheia. O sopro do vento nas árvores, a sinfonia dos insetos e pássaros noturnos, o som dos rios descendo entre as pedras. O passeio, que dura cerca de uma hora e meia, é promovido pelo Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba, na Trilha do Jequitibá. A idéia do atrativo é oferecer uma nova perspectiva sobre a natureza presente na Unidade de Conservação. “São quase duas horas de trilha, onde os visitantes podem conhecer e acompanhar os hábitos noturnos dos animais, principalmente dos pássaros. Durante a caminhada, também são contadas lendas locais aos visitantes. A presença dos guias e guardas-parque garante toda a segurança aos visitantes”, afirma o gestor da unidade, Carlos Zacchi.

Os sons parecem amplificar devido à escuridão. Os passos exigem um pouco mais de atenção. As luzes vindas das lanternas são suficientes apenas para iluminar caminho à frente e os obstáculos que podem surgir: troncos caídos, cipós, pedras e folhas de árvores. Além da experiência inusitada, o diferencial do passeio é a possibilidade de avistar algumas espécies de animais de hábito noturno. O estudo desses animais de forma aproximada e a ampliação dos sentidos são alguns dos ingredientes desta aventura.

Entre as espécies que mais chamam a atenção e podem ser avistadas neste passeio estão os cogumelos bioluminescentes. Cientistas acreditam que esta luminescência serve para atrair animais noturnos que ajudam a dispersar seus esporos. Essa habilidade adaptativa seria especialmente importante em florestas fechadas onde a dispersão pelo vento não é possível.

Durante o dia, a Trilha do Jequitibá, com pouco mais de 1 km, é fácil de ser percorrida. O visitante encontra muitas espécies de árvores, entre elas, jequitibás centenários. Nesta mesma trilha, foi implantado recentemente o Circuito de Observação de Aves, com comedouros e condições ideais para avistar diversas espécies. Além de conhecer um pouco da história do Parque e obter instruções sobre responsabilidade ambiental, o visitante pode entender como todos os elementos da floresta são importantes para a sobrevivência do conjunto.

Outros atrativos

O Parque Estadual oferece três trilhas: A Trilha do Jequitibá, do Poção e dos Tropeiros. Na Trilha do Poção os aventureiros têm a oportunidade de cruzar rios e corredeiras, além de banhar-se e desfrutar da paisagem na cachoeira que dá nome à trilha. O percurso de 3,5 quilômetros (ida e volta) leva, em média, quatro horas para ser concluído. Além da travessia de riachos em contato direto com a água, o visitante cruzará o Rio Santo Antônio por uma ponte suspensa em cabos de aço. O trajeto da trilha tem nível de dificuldade médio e é percorrida somente com apoio de monitores. Cotias, esquilos, tamanduás, tucanos, tiês-sangue e surucuás estão entre as espécies de animais possíveis de serem avistadas. Sobre a flora, destacam-se árvores como jequitibás, figueiras-brancas e canelas.

Na Trilha do Tropeiro a ênfase é para o patrimônio histórico da região, uma vez que foi muito utilizada pelas tropas de muares durante os ciclos do café, açúcar e do ouro e também como rota clandestina para tráfico de escravos. Ainda hoje, é possível encontrar vestígios dessa época, como muros de pedras do século XIX feitos para segurar as encostas e fornos para produção de carvão. Outros atrativos que podem ser contemplados durante o percurso são as belezas naturais, como jequitibás com mais de 300 anos, corredeiras e a possibilidade de observar avifauna de espécies raras.

Serviço:

Instruções para agendar a participação nos passeios oferecidos pelo Núcleo Caraguatatuba do Parque Estadual da Serra do Mar e as inscrições devem ser antecipadas, diretamente na sede do Núcleo Caraguatatuba, situado na Rua do Horto Florestal, 1200, Bairro Rio do Ouro. Para outras informações, o telefone é (12) 3882-5999, das 14h às 17h ou pelo endereço eletrônico: nucleocaragua@hotmail.com.br

O valor do passeio é de R$ 10 (Dez Reais) e é revertido para a preservação e manutenção da área, conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Recomenda-se o uso de calças compridas e tênis fechado, lanterna e boné ou chapéu.