Considerado um dos poucos motivos para noticias positivas da região do Pontal do Paranapanema, o Parque Estadual Morro do Diabo está completando, em 2011, setenta anos de existência. A Unidade de Conservação Morro do Diabo foi criada em 29 de outubro de 1941 e passou à categoria de Parque Estadual, em 1986, mediante outro decreto do governo do Estado. As notícias positivas estão relacionadas, por exemplo, ao aumento da arrecadação tributária para o município de Teodoro Sampaio. Em 2010, contribuiu com a soma de R$ 1.663.875, 58 para os cofres da administração municipal, em função do ICMs Ecológico.
Decorrência direta do fomento e estimulo à visitação ao parque, que nos últimos cinco anos passou de 3.000 visitantes em 2004, para mais de 21.000 em 2010. Trabalho esse realizado em parceria com a administração municipal e com a iniciativa privada.
Do ponto de vista da gestão da unidade foi importante a aprovação, em 2006, no Consema – Conselho Estadual de Meio Ambiente, do Plano de Manejo que propiciou a reabertura do parque para a comunidade e em especial para a rede de ensino municipal, entre outras medidas destinadas ao uso público da área. Como costuma dizer, Helder Faria, gestor do PEMD “a riqueza natural da área, torna o Parque Estadual Morro do Diabo uma fonte de saber, inspiração e renovação do espírito humano”.
O Seminário – “70 Anos do Parque Estadual do Morro do Diabo: um pouco de história”, a ser realizado no dia 29 de outubro, vai contar com a participação de especialistas que farão abordagens sobre importantes aspectos da história e ciência para ajudar na compreensão das raízes dos cidadãos de Teodoro Sampaio e da região do Pontal do Paranapanema e também sobre a relevância ambiental da área para. Conheça o programa aqui.
As comemorações que já ocorrem durante todo o ano de 2001 incorporam ainda a realização de uma exposição sobre os “125 Anos da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo”, instalada no Clube Taquaruçu, de Teodoro Sampaio, a ser inaugurada no dia 27 de outubro permanecendo em cartaz até o dia 10 de novembro. O evento conta com a parceria entre a Fundação Florestal, Prefeitura de Teodoro Sampaio e a ETH Bioenergia.
Além desses eventos integram o calendário oficial de atividades do Parque Estadual Morro do Diabo os seguintes eventos: Férias no Parque (janeiro); Dia do município (21 de março); Dia Mundial da Água (22 de março); Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho); Férias no Parque (julho); AcamPAImento (20 e 21 de agosto) e o Dia do Rio Paranapanema (22 de setembro). Este ano passou a fazer parte do calendário do PEMD o evento “Canoas & Caiaques”.
O Parque Morro do Diabo
O Parque Estadual do Morro do Diabo conta com quase 34.000 hectares e se situa na área do Pontal do Paranapanema, Sudoeste do Estado de São Paulo. Está inserido na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos Pontal do Paranapanema e a região limita-se ao Sul com o rio Paranapanema e a Oeste com o rio Paraná. A UC ocupa 26% do território do município de Teodoro Sampaio, cujos confrontantes são os municípios de Rosana, Euclides da Cunha Paulista, Mirante do Paranapanema, Presidente Epitácio e Marabá Paulista.
Explica a importância desta Unidade de Conservação ela estar situada em uma região prioritária para a conservação da Mata Atlântica devido à sua extrema importância biológica, assim declarada no trabalho “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos”. Em 1999, o Comitê Intergovernamental para a proteção do patrimônio Mundial Cultura e Natural, denominado “Comitê do Patrimônio Mundial” incluiu a área da Mata Atlântica Sul/Leste do Brasil na “Lista de Patrimônio Mundial” como Bem Natural de Valor Universal. Em 2002 o Parque Estadual do Morro do Diabo foi declarado como uma das zonas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
Outro aspecto que torna o Parque Estadual Morro do Diabo em algo espetacular e maravilhoso, é a sua história, intrincada com as antigas reduções Guaranis e com outros povos da floresta que habitavam a região, numa mescla de conflitos entre estes com a civilização branca, e que lhe valeu a misteriosa alcunha “Morro do Diabo”, recebida em tempos muito remotos, e que presencia a ocupação do território da maneira mais irracional e imaginável possível.
A grande extensão da área do PEMD e seu bom estado de conservação permitem a ocorrência de importantes espécies da fauna, algumas citadas em listas de animais brasileiros ameaçados de extinção, como a anta, a queixada, o bugio, o puma, a onça-pintada, e outros felinos.
Também as aves, as borboletas e as mariposas devem ser citadas, pois encerram uma fantástica diversidade, mas, sobretudo, o mico-leão-preto, uma das espécies de primada mais ameaçadas do mundo, que possui aqui sua maior população livre na natureza.
O geógrafo Azis Ab’Saber explica que a grande diversidade de formas de vida existentes no PEMD se deve ao fato de estar numa zona de tensão ecológica incrustada numa região outrora refúgio do Pleistoceno. Na vegetação observam-se gigantes mandacarus, espécie típica do agreste brasileiro, entremeados em imensas perobeiras e ipês roxos, magníficos exemplares da mais pura Mata Atlântica interior, bem como também manchas de vegetação típicas de cerrado, entremeadas em densa floresta estacional semidecidual, associações senão únicas, muito raras de serem encontradas. Portanto, conservar o PEMD fomenta a conservação dos diversos fragmentos de mata ao seu redor, cujos tamanhos variam desde manchas com menos de 100 acatares até alguns com cerca de 2.000 ha promovendo-se a conexão entre eles e melhorando o seu status de conservação.
Por: Paulo Antunes