Evento foi organizado para apresentar aos gestores de Unidades de Conservação diversas experiências nessa área
“Queremos avançar na concessão de serviços turísticos nas Unidades de Conservação e pretendemos envolver as comunidades locais na prestação desses serviços”. A declaração foi feita pelo Diretor-executivo da Fundação Florestal – FF, José Amaral Wagner Neto, na abertura do Seminário de Concessões de Serviços de Uso Público em Unidades de Conservação no Estado de São Paulo, realizado em 27 de abril de 2010, no auditório do Instituto Florestal (IF). O evento contou com palestras de especialistas vindos dos Estados Unidos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/MMA).

O objetivo do seminário foi apresentar aos gestores das Unidades de Conservação (UCs) do Estado de São Paulo boas práticas e alternativas na concessão de serviços ligados ao turismo em áreas especialmente protegidas, principalmente nos Parques. São trilhas, esportes de aventura (como rafting e mergulho), restaurantes e lanchonetes, centros de visitação e vários serviços que podem ser explorados comercialmente pela iniciativa privada, principalmente pelas existentes nas cidades abrangidas pelas UCs. A utilização de mão-de-obra local é uma das bases para a geração de emprego e incremento econômico nas comunidades vizinhas às áreas protegidas.

Segundo o Secretário-adjunto de Meio Ambiente do Estado, Pedro Ubiratan Escorel de Azevedo, que compareceu à abertura do evento, “o caminho foi pavimentado pela Fundação Florestal com suas obras de infraestrutura nas Unidades de Conservação. Agora temos o que oferecer e vamos preparar as regras para essa nova etapa”. A FF, por meio de sua gerência de Ecoturismo e Visitação Pública, já criou inclusive um projeto – o Trilhas de São Paulo (www.trilhasdesaopaulo.sp.gov.br) – em que os visitantes podem escolher trilhas com estrutura e apoio de qualidade para a realização de passeios seguros e que incluam também o recebimento de informações sobre meio ambiente.

Em sua palestra o co-diretor do Departamento de Recursos Naturais e Turismo da Universidade Estadual do Colorado (EUA), Jim Barborak, destacou a importância da gestão compartilhada das UCs e seus serviços pelos órgãos de governo, ONGs, comunidades tradicionais, tribos indígenas e a iniciativa privada. “É uma tendência mundial. Existem diversas maneiras desse trabalho ser desenvolvido, bastando uma boa avaliação de qual é a melhor forma que se encaixa à realidade de cada unidade”, salientou. A contratação e recrutamento de gente capacitada e especializada é uma prioridade para o sucesso dessas iniciativas.

A professora assistente do Departamento de Meio Ambiente e Sociedade da Universidade do Estado de Utah (EUA), Miriam Wyman, que falou sobre a cobrança de taxas na concessão dos serviços, apresentou diferentes práticas na aplicação desses recursos em UCs da África do Sul, Belize, Equador, Colômbia, Nova Zelândia e em diversos outros países. “O importante é identificar a capacidade do envolvimento das comunidades e também levar em conta os impactos culturais que podem ocorrer”, afirmou.

A professora-adjunta do curso de Turismo da UFRJ, Camila Rodrigues, aproveitou para lembrar que a vocação das UCs é a proteção ambiental e não a geração de lucro. “Tudo deve ser feito com muito critério e cuidado, mas a regulamentação da prestação de serviços  em Unidades de Conservação é fundamental. Se nós não nos anteciparmos ao turismo de massa, seremos atropelados pelo turismo de massa”, disse o coordenador-geral de Visitação e Negócios do ICMBio, Julio Gonchorosky durante sua exposição.