SISTEMA DE ÁREAS PROTEGIDAS DO CONTÍNUO DA CANTAREIRA

APRESENTAÇÃO – ÁGUA

Região da Cantareira é água para São Paulo

A história da preservação da região da Cantareira é conseqüência da preocupação com a garantia da produção de água para a Região Metropolitana de São Paulo. Estudos de 1852 já indicavam que nascentes localizadas na serra e o regime de chuvas intermitente na região seriam a combinação ideal para evitar qualquer problema de abastecimento na Capital paulista. A cidade vivia um período de crescimento demográfico expressivo motivado pela urbanização e a industrialização sem controle, em que se verificou o impactante salto de 20 mil habitantes, em 1870, para 240 mil em 1899.

E foi durante esse processo que, em 1878, nasce a Companhia Cantareira – evento que contou com a presença do imperador Dom Pedro II. Na inauguração da empresa ainda imaginava-se que a cidade entraria no século 20 com 60 mil habitantes, um equívoco percebido no censo de 1892 que constatou já haver o dobro de moradores na Capital.

Constado o erro de projeção, o governador do Estado rescinde o contrato com a empresa e compra suas propriedades na serra. Ele também amplia a área para conservação com a desapropriação de aproximadamente 5 mil hectares para a construção de novas represas (da Cuca, Olaria, Itagussu, Divisa, Manino, Bispo, Guaraú, Cassununga e Engordador). Um sistema de abastecimento de água foi montado e permaneceu em funcionamento até 1973, quando entrou em operação o atual Sistema Cantareira – hoje administrado pela Sabesp.

As áreas adquiridas para a garantia da produção de água com qualidade ganharam o status de “reserva florestal” ainda antes da virada para o século 20. O Parque Estadual da Cantareira nasce a partir da condição de “reserva florestal”, sendo transformado em Parque por meio da Lei Estadual 6.884 de 1962 e posteriormente em Parque Estadual Turístico da Cantareira em 1968 (Decreto Estadual nº 10.228).

Esquerda/Direita: Reservatório Atibainha, em Nazaré Paulista. Fotos: Arquivo SABESP.

O Sistema Cantareira

Considerado um dos maiores sistemas de abastecimento do mundo, o Sistema Cantareira produz 33 mil litros de água por segundo. Doze municípios (oito paulistas e quatro mineiros) integram esse complexo formado por seis reservatórios – Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Juquery ou Paiva Castro e Águas Claras – interligados por 48 quilômetros de túneis subterrâneos, a Estação Elevatória de Santa Inês e a Estação de Tratamento de Água do Guaraú.

O sistema atende cerca de 8,8 milhões de pessoas, o que representa quase metade dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo. São moradores das zonas norte e central da Capital, além de parte das zonas leste e oeste. Também recebem água do Cantareira os municípios de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul, parte de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André.

Uma pequena parte da Serra de Itapetinga inserida nos municípios de Mairiporã, Nazaré Paulista e Guarulhos, e que está sob “limitação administrativa provisória”, também é parte integrante da área do Sistema Cantareira de abastecimento.

Esquerda: Reservatório Juquery (Paiva Castro), em Mairiporã. / Direita: Reservatório Águas Claras, da Sabesp, na Serra da Cantareira. Fotos: Arquivo SABESP.

A água na região metropolitana

A Região Metropolitana de São Paulo consome 65 mil litros de água por segundo. Além do Sistema Cantareira, a Sabesp administra os sistemas Alto Cotia, Baixo Cotia, Alto Tietê, Guarapiranga, Ribeirão da Estiva, Rio Claro e Rio Grande, que produzem água para os 39 municípios da região.

Cada morador da Capital paulista consome diariamente uma média de 221 litros de água. A ONU indica que o volume ideal é de 110 litros.