As unidades de conservação sob a administração da Fundação Florestal protegem centenas de cavernas, especialmente as formadas em rochas calcárias, a exemplo dos parques estaduais Turístico do Alto Ribeira (Petar), Intervales, Caverna do Diabo, Rio do Turvo e da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra do Mar, localizados nas regiões do Vale do Ribeira e do Alto Paranapanema, ao sul do Estado.

As cavernas – cavidades naturais subterrâneas – são consideradas bens da União de acordo a Constituição Federal (artigo 225) e áreas de proteção permanente pela constituição paulista (artigo 197). Elas constituem um ambiente único, o meio subterrâneo, formadas pelo resultado de processos de intemperismo químico e físico de centenas de milhares de anos.

A gênese das cavernas calcárias está relacionada à dissolução química do carbonato de cálcio pelas águas das chuvas, que são pouco ácidas e, ao passarem pelos solos, ganham mais acidez. Esse processo possibilitou a abertura de condutos e seu posterior alargamento, originando salões, galerias e rios subterrâneos, acessíveis ou não ao ser humano.

O clima nas cavernas, na maioria das vezes, é estável, com pouca variação de temperatura e alta umidade relativa do ar. Próximo às entradas a influência do meio externo é maior, ao contrário dos trechos mais profundos, onde ocorre total ausência de luz, impedindo a fotossíntese e limitando o fluxo de energia e a vida.
Os seres vivos encontrados nas cavernas são comumente classificados como:

Troglóbios: organismos que vivem somente no interior das cavernas, tais como o bagre-cego (peixe) e as aeglas albinas (crustáceos);

Troglófilos: organismos que podem completar parte do seu ciclo de vida no interior das cavernas, como os opiliões e grilos;

Trogloxenos: organismos que podem utilizar as cavernas como abrigo, especialmente os morcegos, ou visitá-las eventualmente, dentre eles o ser humano.

As ornamentações das cavernas são conhecidas como espeleotemas, que variam de tamanho, forma e coloração, dependo do padrão de cristalização e de sua composição química. Dentre os espeleotemas mais comuns estão as estalactites e as estalagmites, formadas por gotejamentos no teto e chão das cavernas, respectivamente. As colunas formam-se pela junção destas duas formações e as cortinas pela cristalização em tetos inclinados. Já as represas de travertino constituem diques de tamanhos variados, com a deposição de mineral nas bordas. Essas represas podem ou não estar cheias de água saturada de sais, formando novos espeleotemas. As helictites possuem cristais bastante delicados e de rara beleza, em geral situadas em ambientes mais confinados.
As cavidades naturais subterrâneas constituem testemunhos de processos de evolução geológica, dos relevos e da vida em uma determinada região, com ocorrência de depósitos de fósseis de vertebrados como a preguiça-gigante (ou megatério) e o toxodonte, o tigre-de-dente-de-sabre, dentre outros.

Por essas e outras características, as cavernas constituem um vasto campo de pesquisas científicas, com grande importância ecológica, turística, educativa e econômica.

Nos parques administrados pela Fundação Florestal você poderá conhecer muitas cavernas, cada uma com sua beleza, algumas de fácil acesso e outras que exigem maior preparo e conhecimento. Todas as visitas devem ser realizadas com acompanhamento de monitores ambientais ou guias credenciados. Para aqueles que querem se dedicar às atividades de documentação e exploração de cavernas, é recomendável participar de algum grupo de espeleologia (estudo das cavernas).

Desde janeiro de 2009, a Fundação Florestal está elaborando os Planos de Manejo Espeleológico de 32 cavernas em quatro Parques Estaduais do Vale do Ribeira. Conheça mais sobre esse projeto em http://www.ekosbrasil.org/cavernas/

Por Maurício Marinho
Assessor Técnico do Núcleo Planos de Manejo