Evento acontece em Ibiúna, que também será palco para os festejos de aniversário da Unidade de Conservação

“A APA de Itupararanga é um laboratório de boas experiências”. Essa foi a definição dada pelo diretor-executivo da Fundação Florestal do Estado de São Paulo – FF, José Amaral Wagner Neto, durante a abertura, em 25.11, do I Seminário de Pesquisa da Área de Proteção (APA) de Itupararanga, em Ibiúna.  A afirmação é resultado dos avanços conseguidos na gestão da Unidade de Conservação (UC) pela participação de entidades da sociedade civil em seu Conselho Consultivo, a conclusão de seu Plano de Manejo e o interesse pelo desenvolvimento de pesquisas na região.

Wagner Neto destacou também os três princípios orientadores do Plano de Manejo da APA de Itupararanga que servirão de base para a elaboração desse documento das outras Áreas de Proteção Ambiental: a implantação de boas práticas agrícolas e a recuperação de APPs (Áreas de Preservação Permanente), o turismo sustentável e a proteção da biodiversidade e dos recursos hídricos. “Conseguimos deixar claro esses três objetivos, o que garantirá que o Plano não fique no papel”, concluiu. Atualmente, o Plano de Manejo da APA de Ituparanga está em análise no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema).

O seminário, promovido FF, órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo responsável pela gestão das Unidades de Conservação, em parceria com o Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Sorocaba e Médio Tietê (CBH SMT), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a SOS Itupararanga, foi organizado para divulgar trabalhos e pesquisas desenvolvidos por profissionais da FF e de universidades, além de debates envolvendo representantes da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), do CBH SMT e da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio).

Na abertura do evento estiveram presentes o prefeito de Ibiúna, Coiti Muramatsu, a diretora da ONG SOS Itupararanga, Viviane Rodrigues de Oliveira e o secretário-executivo CBH SMT, Sétimo Marangon. Para Muramatsu, a pluralidade de entidades e órgãos públicos engajados nos trabalhos de gestão da APA é sinal do interesse da comunidade pelo uso sustentável dos recursos naturais. “Esse é um conceito novo e que está cada vez mais ganhando espaço”, salientou.

O envolvimento de atores sociais realmente interessados nas atividades da APA também foi destacado por Viviane. “Participo desde o primeiro Conselho Consultivo, formado ainda em 2004, mas só agora, no terceiro, estamos com um grupo realmente consciente da importância desse trabalho. Lutávamos muito contra o esvaziamento no início desse processo”, disse a representante da SOS Itupararanga.

A primeira palestra foi realizada pela gerente de Proteção e Recuperação Ambiental da FF, Claudette Marta Hahn, que fez um resumo das atividades da Fundação Florestal e da situação das APAs no Estado. Em seguida, a gestora da APA de Itupararanga, Sandra Beu, detalhou os trabalhos desenvolvidos na região e destacou o principal desafio para o futuro: implementar o Plano de Manejo após sua aprovação.

As palestras do seminário abordam também a recuperação florestal no entorno do reservatório da usina hidroelétrica de Itupararanga, a produção de mudas e a coleta de sementes de espécies nativas, os aspectos históricos e ambientais da represa, a avaliação do uso e da ocupação do solo, entre outros temas. Uma mesa-redonda também foi organizada para debater os atuais e futuros desafios na gestão da APA.

Aniversário da APA
Após o término do seminário, em 26.11, as atenções dos moradores da região estarão voltadas para os festejos em comemoração ao aniversário da APA, que foi criada em 1° de dezembro de 1998. Dia 27.11, na Praça da Matriz, no centro de Ibiúna, serão realizadas apresentações de músicos e grupos artísticos da região, o resultado do concurso para eleger a árvore-símbolo de Ibiúna (a disputa está entre o ipê-amarelo, o pau-cigarra e o jacarandá) e uma caminhada ecológica pela cidade com moradores e mais de 600 crianças. Mais informações sobre a programação podem ser conseguidas pelos telefones (15) 3248-9944 (Secretaria do Meio Ambiente de Ibiúna) ou (15) 3248-3219 (SOS Itupararanga).

A APA de Itupararanga
A Área de Proteção Ambiental de Itupararanga foi criada pela Lei Estadual n° 10.100 de 1998, objetivando o uso sustentável e a conservação ambiental de seu território. Sua área abrange a região da bacia hidrográfica formadora da represa de Itupararanga, compreendida pelos municípios de Alumínio, Cotia, Ibiúna, Mairinque, Piedade, São Roque, Vargem Grande Paulista e Votorantin.

A APA tem tem 936,51 km², com a represa ocupando 29,9 km² desse total. A criação dessa UC na bacia hidrográfica do Alto Sorocaba foi necessária por causa das pressões que a região sofre, principalmente, pelo avanço de loteamentos em áreas de grande fragilidade ambiental e o uso agrícola intenso com utilização de agrotóxicos.

A bacia hidrográfica da represa de Itupararanga está localizada a poucos quilômetros da região metropolitana de São Paulo, sendo responsável pelo abastecimento de 63% da população residente na região e pela geração de energia elétrica à CBA.