Parque Estadual Caverna do Diabo recebe melhorias e o primeiro dos 32 Planos de Manejo Espeleológico da região

Por: Evelyn Araripe Fotografia: Pedro Calado

Em abril de 2008 o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA interditou todas as cavernas do Vale do Ribeira alegando falta de Planos de Manejo Espeleológico – documentos técnicos que orientam o uso do patrimônio natural, visando a sua conservação. Os municípios no entorno dos parques estaduais de Intervales, Turístico do Alto Ribeira – PETAR, e Caverna do Diabo se viram diante de uma situação desesperadora: a ameaça ao turismo, principal fonte de renda da região. A visitação pública aos parques caiu mais da metade, hotéis e restaurantes começaram a fechar as portas, o desemprego aumentou e muitas famílias começaram a arrumar as malas e tentar a vida em outro lugar.

Um Termo de Ajustamento de Conduta entre a Fundação Florestal – FF, responsável pelos parques, e o Ministério Público Federal garantiu que algumas cavernas fossem reabertas desde que os Planos de Manejo fossem entregues em um prazo de dois anos. Desafio assumido, foi dado início a um trabalho inédito para se cumprir os prazos e elaborar os 32 Planos exigidos pelo órgão federal. “Muita gente achou loucura, que não daria para fazer”, conta José Amaral Wagner Neto, diretor executivo da Fundação Florestal. Mas a meta foi atingida e nessa sexta-feira, 05.03, Neto, acompanhado do secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Xico Graziano, entregou o Plano de Manejo Espeleológico da Caverna do Diabo, o primeiro dos 31 que serão entregues até o final do mês.

“Não há precedentes no mundo de 32 Planos de Manejo sendo feitos ao mesmo tempo”, conta Neto que destaca que para cumprir o prazo assumido foi necessário o empenho de diversos atores sociais. Ao todo, foram mais de 100 especialistas envolvidos. “Sozinhos não iríamos conseguir. Procuramos os maiores espeleólogos do país e formamos uma grande equipe, além de contarmos com a participação efetiva da comunidade”, diz o diretor da FF.

A entrega do Plano de Manejo se deu juntamente com a revitalização do Parque Estadual da Caverna do Diabo, que agora conta com um centro de visitantes, estacionamento e restaurante reformados, nova rede elétrica, projeto paisagístico, além de um projeto inovador de iluminação da caverna, principal atrativo do Parque. Os investimentos, na ordem de R$ 4 milhões, integram o contrato de empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, feito pelo Projeto de Ecoturismo na Mata Atlântica, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado – SMA, que investirá, até o final deste ano, US$ 15 milhões nos parques estaduais Turístico do Alto Ribeira – PETAR, Intervales, Carlos Botelho, Ilha do Cardoso, Ilhabela e da Caverna do Diabo. O objetivo do projeto é aprimorar o desenvolvimento turístico na região de Mata Atlântica de São Paulo, proporcionando o desenvolvimento de maneira sustentável.

“Esta é a região mais rica em recursos naturais, em culturas tradicionais, mas uma das mais pobres em desenvolvimento econômico e social. A cadeia produtiva do ecoturismo é que vai proporcionar esse desenvolvimento”, diz Anna Carolina Lobo, coordenadora do Projeto de Ecoturismo na Mata Atlântica. Anna ainda explica que este ano conseguiu empenhar todos os recursos do Projeto, contratar todas as obras necessárias para os seis parques e agora dará início às capacitações do setor produtivo do ecoturismo – empresários, empreendedores, comunidade e monitores ambientais – para prepará-los no atendimento da demanda de turistas que irão para a região em função das melhorias em andamento.

“Hoje você olha o mapa do Estado de São Paulo e vê uma mancha verde: é o Vale do Ribeira, o pulmão do Estado”, declara o prefeito da Estância Turística de Eldorado – município que abriga a Caverna do Diabo –, Donizete Oliveira. “Damos muito valor a isso, somos chamados de região atrasada, mas este é o custo dos cuidados que temos para manter a região preservada”, declara.

O secretário Xico Graziano destacou que todas essas mudanças no Vale do Ribeira começaram há três anos, quando o ecoturismo tornou-se prioridade e compôs um dos 21 projetos ambientais estratégicos da pasta de Meio Ambiente do governo do Estado. “O Ecoturismo passou a ter recursos e a região do Vale do Ribeira foi privilegiada. A maior parte dos investimentos veio para cá”, lembra o secretário, apontando para o painel que indica os investimentos no Projeto: R$ 3,6 milhões para o PETAR, R$ 11,4 milhões para o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, R$ 3,9 milhões para o Carlos Botelho, R$ 4,5 milhões para Intervales, R$ 2,5 milhões para Ilhabela, além dos R$ 4 milhões para o da Caverna do Diabo.

Graziano ainda ressaltou que os Planos de Manejo Espeleológico vão servir de exemplo para todas as Unidades de Conservação do Brasil. “Estamos dando um exemplo de como se faz desenvolvimento sustentável”. A população de Eldorado concorda. O hino da cidade – cantado pelas crianças de uma escola municipal na baertura do evento de entrega de melhoria – diz : “Eldorado, no futuro hás de brilhar”. Para o secretário, hoje o futuro chegou. “O futuro que associa preservação ambiental com geração de empregos chegou e o nome desse futuro é ecoturismo”, completou Graziano, acompanhado de uma platéia ansiosa e bem preparada para ver o turismo sustentável tomar conta do Vale do Ribeira.